“Buscando o horizonte, mas mirando a nostalgia pelo retrovisor.”
Saudade
Quem me conhece sabe que eu sempre curti jogos de corrida. Principalmente os jogos estilo arcade. Ou seja, basicamente todos os games antes do surgimento do Gran Turismo. No entanto, não consegui me adaptar a essa jogabilidade de simulação (talvez por não saber dirigir de fato), mas a verdade é que o GT levou os games de corrida para outra direção. Até mesmo a minha amada série Need for Speed teve que se render. Embora eu ainda a ache um tanto perdida hoje. Ela não se decide exatamente que tipo de nicho quer atender.
Alguns dos fatores que sempre me atraíram em jogos de corrida são: grid com muitos competidores, busca por pontos e campeonatos disputados. Não que eu seja bom de fato, mas nunca curti correr pelo simples motivo de saber dirigir o carro, como a maioria dos GTs e clones diversos. Jogos de F1 atendem ao meu requisito, porém eu não tenho o comprometimento necessário para tentar dirigir o bólido. Bem complexo. PGR 3, anos atrás no Xbox 360, trouxe exatamente o que eu queria, mas infelizmente a série acabou. E sua evolução, o Forza, não é bem a mesma coisa.
Não posso esquecer da série Burnout, super divertida, porém o foco é outro. Principalmente a sua última iteração e seu “mundo aberto”. Basicamente então estava desamparado. Sim, eu sei que são muito peculiares os meus gostos e que talvez eles nunca seja atendidos totalmente. Na minha memória, Top Gear 2 continua sendo um dos meus games mais queridos. Tinha de tudo, até mesmo personalização de carros. A música do jogo era extremamente cativante, o que para um jogo de corrida não precisa de fato. Até que ouvi falar de um certo game da Aquiris Game Studio, a galera porto-alegrense que veio me salvar.
Tributo
Tentando recriar a magia de jogos como Outrun, Top Gear e outros, a Aquiris conseguiu algo muito interessante. A começar pela música, o compositor é nada mais, nada menos que Barry Leitch, o lendário compositor de Top Gear. Sua marca registrada é inegável e só acrescenta ao jogo. Os gráficos realmente não ficam devendo nada. São lindos e muito coloridos. Mesmo lembrando as suas inspirações, percebe-se facilmente que é um jogo moderno. Bonus points para o ciclo de dia e noite presente em algumas pistas e para o clima dinâmico, dando um toque bem interessante. Ainda que tenha a jogabilidade relativamente simples, principalmente pelo fato de ser um jogo mobile por ora (versões PS4 e PC já anunciadas), o controle é bem suave e responsivo. Fico imaginando num controle de verdade.
Durante a corrida, tudo parece funcionar: derrapar em pistas de terra e areia, rodar ao bater um obstáculo, entre outros. No entanto, trombar em outro carro tem efeito bem danoso para você. Dá a impressão de que você impulsionou o adversário. Parece que você sempre leva a pior. O jogo começa relativamente fácil até demais e a dificuldade vai progredindo. Contudo, a dificuldade parece mais vir do fato de que os carros na liderança são mais rápidos porque são assim mesmo, do que com respeito a sua habilidade (como se os jogos de antigamente não fossem assim). Se não utilizar o nitro de forma estratégica, não dá para alcançar os adversários mais bem posicionados. Outro ponto a se levar em consideração é o combustível, então pense bem na hora de escolher o carro.
Liguem os motores!
Horizon Chase apresenta um conteúdo muito vasto com diversas localidades para escolher. Tem até o Brasil! Cada localidade tem 3 copas que você pode participar e uma copa bônus. Completando as provas você ganha pontos. Esses pontos serão usados e servem como threshold para as próximas etapas. Dependendo do seu desempenho é provável que você tenha que repetir algumas corridas para somar aqueles pontos que faltam para abrir uma nova competição.
Os pontos são determinados pelos seguintes aspectos: pela sua posição na corrida, pelas fichas de pontos recolhidas nas pistas e pelo combustível restante. E sim você pode estourar o máximo de pontos da competição (como na foto aí em cima, 122/115). Com isso, são dadas medalhas Pro. Tentem fazer isto em todas as pistas! É um ótimo desafio. Completando a copa bônus, a recompensa é um carro novinho em folha e um upgrade a sua escolha.
Aumentando a garagem, a possibilidade de ganhar sobe cada vez mais. Pois os circuitos são muito variados e privilegiam certos tipos de carro em detrimento de outros. Os upgrades são 8 apenas, e não são cumulativos. Só um pode ser acionado para aquela corrida. Cabe pensar se vale um upgrade para compensar uma deficiência daquele carro ou quem sabe aumentar ainda mais uma vantagem dele.
Chegada!
Com apenas alguns probleminhas de competitividade contra o computador (famoso apelão) mas com um conteúdo vasto e bem diverso, além de ser extremamente divertido, Horizon Chase é o template para futuros jogos inspirados na nossa nostalgia. Não basta fazer o jogo igualzinho a sua inspiração, mas sim recriar aquele feeling que todos nós temos com os avanços de gameplay de hoje. Aquiris, vocês foram bem sucedidos!
Nota: (4,0 / 5,0)