Como podem observar no Podcast #001 do Gamer Como a Gente, esse jogo marcou o fim da vida útil do meu querido PSOne e o início da minha vida adulta. Já tinha quase meus dezoito anos quando consegui pegar esse clássico para jogar. Tempo demais eu diria hoje.
Meus olhos calejados com o Final Fantasy VIII (meu primeiro RPG) e IX (melhor gráfico que vi no PSOne) estranharam bastante os gráficos ultrapassados daquele jogo datado que peguei apenas pelo sentimento de “obrigação gamer”. Confesso que torci o nariz assim que vi aquela abertura da câmera mergulhando até encontrar a Aeris com suas flores a venda, um CG granulado, bem inferior às lindas CG’s de seus dois sucessores. Decidi jogar sem muita expectativa.
Mergulhando em um sonho
Cloud Strife e seus dramas loucos. Aeris ou Tifa – com qual das duas me encontrar na Gold Saucer? Barret e a A.V.A.L.A.N.C.H.E. Red XIII e seu ressentimento familiar. A ladra sapeca Yuffie. Cid, Vincent e o misterioso Cait Sith… Um passado sombrio, uma morte inesperada em uma lamina fria, SEPHIROTH!
Meses de Final Fantasy VII consumiram meu tempo livre. Aquele jogo defasado atrasou em meio ano a minha vontade de comprar um PS2. O único sentimento que restou em mim era o de que aquele jogo saiu antes do tempo, ele merecia um gráfico melhor.
Foi como ver um diamante através de água turva.
Sentia inveja de quem pode jogá-lo quando seus gráficos eram novidade. Esse sentimento adormeceu dentro de mim como um urso em uma caverna. Porém, próximo ao aniversário de dez anos de lançamento do jogo, o urso saiu da letargia. A Square anunciou uma série de lançamentos para comemorar a data festiva, baseados no mesmo universo. – Vai ter remake! – Comemorei efusivamente.
Mas o destino é cruel. Vários jogos lançados, entre eles o aclamado Crisis Core. Outros nem tanto como Dirge of Cerberus, mas nada do tão sonhado remake. Um filme me chamou a atenção, Advent Children. – Final Fantasy VII deveria ter esses gráficos. – Pensei…
Então, a história do remake virou uma lenda urbana. Falar nisso era como falar em coelho da páscoa, Papai Noel e Last Guardian (Opa!). Ano após ano, depois de cada Final Fantasy duvidoso anunciado, sempre desejei um remake. Mas o sonho foi morrendo dia após dia.
Nãoacreditoputaquepariumeudeusnãoépossível!!!!!
E3 2015.
Tradição recente. Meus amigos e eu nos reunimos em um grupo de WhatsApp para comentarmos os acontecimentos da E3. Já estávamos animados ao ver Last Guardian. – Maior emoção da noite – Ledo engano.
No nosso grupo foi ventilado que a Square iria apresentar algo de Final Fantasy VII. Como uma defesa natural eu não me permiti acreditar nessa falácia. – Se na comemoração dos dez anos com um mega projeto ele não veio, porque vir agora?
Jogo após jogo foi apresentado, mas mal consigo me lembrar de quais eram. De repente surge uma imagem de pássaros voando sobre uma cidade cinza, uma música conhecida sibilou nos meus ouvidos ainda fraca. Apenas alguns acordes, mas acordes que reconheceria mesmo no meio de um show de rock.
Mais um jogo baseado em Final Fantasy VII – Pensei como sempre.
Pessoas saem do metro e uma placa de trânsito bem característica sobre um viaduto me dá a certeza de que estamos em Midgar. Meu telefone pula como pipoca sobre a mesa com as mensagens.
– Não faz isso comigo Square!!
– Meu Deus!
A câmera voa sobre a cidade e em um rasante nostálgico espero ver Aeris vendendo flores.
– To morrendo cara!
– Não to acreditando!
– VEM SQUARE! TÔ PREPARADO!!!
Então surge um homem com uma metralhadora no lugar do antebraço direito e um SOLDIER com a sua característica espada nas costas. Confesso que ainda duvidei, poderia ser o Zack ou qualquer outro SOLDIER. Então vi os cabelos loiros e espetados do Cloud, o logo do Final Fantasy VII e a palavra que tanto aguardei.
REMAKE
Coração bateu forte, mãos suaram, pelos se arrepiaram! Voltei a ser criança, como se tivesse 5 anos em 1997. Não conseguia lembrar de que já era um adolescente de 15 anos nessa época, tudo que vi foi uma criança, minha alma refletida com um controle de PSOne nas mãos olhando para uma TV de tubo.
Meus amigos e eu enlouquecemos! Minha esposa entrou no quarto, assustada com meus gritos e socos na mesa do computador. Ela perguntou o que tinha acontecido, porque eu estava agindo como criança.
Olhei para ela tentando me acalmar, passei as mãos freneticamente nos olhos marejados e respondi com um sorriso no rosto.
Nada. É só Final Fantasy VII…