Tiro, Porrada e Bomba – Em grupo!
Dividindo os Fanboys
Mal havia sido anunciado em 2013, The Division já começou causando um rebuliço na indústria dos games. Afinal, no mesmo ano da divulgação do game da Ubisoft todos nós havíamos sorvido as delícias de um shooter em terceira pessoa em um magnífico mundo virtual infectado por um vírus sem cura – me refiro obviamente ao Last of Us, petardo criado pela Naughty Dog e dissecado pelo time do Gamer como a Gente no Podcast #12. As comparações eram inevitáveis.
Depois de quase 3 longos anos de espera, finalmente em 2016 o véu da ignorância foi retirado e conseguimos cair dentro desta nova aventura. Lançado para PS4, XOne e PC, The Division finalmente mostrou a cara. As comparações eram justas? Nem tanto. O jogo não é melhor nem pior, é apenas diferente: mecânicas parecidas, universos similares, objetivos completamente opostos.
O que não quer dizer que seja ruim, é claro.
“Afinal, rola até um churrasquinho no meio das ruas de Nova York”
Uma Nova York devastada por um vírus sem cura
O enredo do jogo é simples e se passa em uma Nova York sitiada. A cidade se encontra devastada por um misterioso vírus e isolada do mundo, já não contando com serviços básicos ou acesso a água e comida. A última esperança da metrópole é a agência Division, uma unidade secreta de sleeper agents que são acionados quando o mundo mais precisa. Você, obviamente, é um deles.
Apesar de já batida e recontada em diversos tipos de mídia, a história é interessante. Entretanto, ao contrário do que se espera, ela não prende o jogador como deveria. Não espere uma narrativa elaborada e envolvente, pois o foco não esse. O jogo é dividido em uma série de missões em um mapa de mundo aberto e isso acaba por cortar a fluidez do jogo, tornando tudo mais mecânico.
Para tentar contrapor este ponto, os desenvolvedores colocaram uma série de itens colecionáveis espalhados pelo game – desde celulares até drones – que tentam melhorar a experiência imersiva do player dando mais consistência ao universo à sua volta. O esforço é louvável, porém em vão. As missões passam rapidamente à medida que o gamer avança, e poucas vezes você se questiona porque está matando todos aqueles incontáveis inimigos em sucessão.
“Ela apostou um olho que a história era boa. Deu no que deu.”
Pôr do Sol Urbano
Uma coisa, entretanto, não se pode negar: a ambição do detalhamento gráfico demonstrado pelos desenvolvedores. A Nova York apresentada parece ter vida. Tudo que é apresentado no game, desde as mudanças climáticas até o interior dos prédios, é de um preciosismo ímpar. Provavelmente um dos jogos mais belos lançados nesta geração (até o momento, é claro).
Como se não fosse suficiente, a “Grande Maçã” é retratada com precisão quase milimétrica. É possível visitar lugares que existem de verdade, como Times Square e Madison Square Garden. Funciona praticamente como um city tour para quem não conhece a cidade. Por diversos momentos dei uma pausa no tiroteio simplesmente para observar o cenário e a interação do personagem como o mesmo. Ponto forte do game da Ubisoft.
“Realidade ou Videogame?”
PVE e os Amigos
Para quem ainda não viu nada do jogo e está completamente cru, a informação primordial é que o game funciona como um MMO (Massive Multiplayer Online). Por mais que esse tipo de jogo não esteja completamente difundido nos para os jogadores de console, a modalidade já é bem conhecida dos players de PC.
O efeito prático, na verdade, é simples: você precisa ter internet para jogar, pois estará sempre online e interagindo com outros jogadores. Por mais que você consiga tranquilamente zerar o jogo sozinho, a grande diversão é jogar cooperativamente com mais 3 amigos em grupo, sejam desconhecidos ou gamebrothers de longa data.
As missões principais da história não demoram muito e logo após isso o game se torna uma busca eterna para se conseguir itens raros – desde armas até equipamentos – para melhorar os atributos e skills do seu personagem. Essa estrutura já pode ser vista em alguns jogos disponíveis atualmente para consoles, como Destiny, Borderlands e Diablo.
E por mais que a jogabilidade do game não mude praticamente nada, estando você no nível 5 ou no nível 30, é o tipo de jogo que vicia e que faz você refazer a mesma missão várias vezes na esperança de descobrir uma nova pistola ou um novo colete à prova de balas.
“Convenhamos, comandar em grupo é muito melhor que jogar sozinho”
PVP e a Dark Zone
Ainda que a maior parte do jogo seja PVE (mais conhecido como “Player Versus Environement”, ou seja, você contra o computador), os gamers mais audaciosos vão querer entrar na Dark Zone. No jogo, a Dark Zone é a parte de Nova York que foi abandonada e cercada devido à contaminação excessiva do vírus. Lá não existe lei e a anarquia reina. E é por lá que rolam as partidas de PVP (Player Versus Player).
Além de encontrar outros gamers para enfrentá-los, vale salientar que também é possível encontrar inimigos controlados pelo computador. A grande vantagem é que eles são muito mais poderosos que os inimigos normais e, após aniquilados, deixam itens mais raros/poderosos que os de costume.
Para melhorar ainda mais a dinâmica, todos os itens coletados na Dark Zone estão contaminados pelo vírus. Ou seja, o jogador não pode simplesmente equipar o novo equipamento adquirido após matar um inimigo – ele deve extrair o item de helicóptero. Este processo leva tempo, e outros jogadores menos amistosos podem ir atrás de você para tentar roubar seus ganhos antes que você consiga extraí-los para fora da Dark Zone em segurança.
“A tensão te aguarda na Dark Zone”
O acerto de contas
Ainda que o jogo ainda tenha alguns bugs no servidor e tenhamos visto cenas lamentáveis na primeira semana de lançamento (tipo essa), penso que foi apenas falta de preparo da Ubisoft por não saber mensurar o sucesso que seria o próprio jogo que criou. Tenho confiança que esses pequenos gargalos serão superados com o tempo.
Aviso também que o gamer de console vai ter que se acostumar com alguns “poréns” que não são usuais para esse tipo de plataforma, apesar de comuns no computador. Por exemplo: quando o servidor está cheio, existe fila para entrar no jogo e você tem que esperar, mesmo que vá jogar sozinho.
No entanto, apesar dos pesares, The Division é um jogo que vale a pena jogar simplesmente pelo fator social. Mesmo não tendo um enredo que não chega nem perto do The Last of Us mencionado no início da resenha, jogar com os amigos e enfrentar os perigos de uma Nova York sitiada em grupo é realmente muito legal. A tensão instaurada quando se joga na Dark Zone é preciosa e diria que única em jogos de videogame. A Ubisoft acerta em cheio onde muitas outras desenvolvedoras falharam.
Nota: ( 3,5 de 5 )