Artigo: A lição de Iwata

Satoru Iwata faleceu neste último sábado, dia 11 de julho de 2015, aos 55 anos. Para os que desconhecem, Satoru ocupava a produção de presidente-executivo da Nintendo. A situação de saúde do ex CEO já não era boa, motivo que o fez desfalcar o time da Big N nesta última E3 2015. Satoru faleceu devido a um tumor no ducto biliar.

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“Satoru Iwata, o homem que tirou a Nintendo da lama e que ensinou Mario e Luigi a dançar a Macarena”

Mesmo sendo contestado por muitos por não acompanhar a tendência mais hardcore das rivais Sony e Microsoft, não se pode negar a importância de Iwata para a comunidade gamer. À época de sua promoção para o mais alto posto da Big N, a empresa estava sendo sufocada pelos poderosos Playstation 2 e XBox. A toda poderosa Nintendo, reconhecida por sua liderança na época dos 16 Bits, apostava todas as suas fichas no GameCube, que agonizava e não conseguia fazer frente aos seus competidores. Fazendo uma simples comparação, o Playstation 2 vendeu aproximadamente 155 milhões de unidades no mundo enquanto o GameCube vendeu apenas 22 milhões.

Já velho conhecido dos gamers por conta de jogos como Kirby e Earthbound, a estratégia de Iwata para virar essa guerra de consoles era simples: a Nintendo precisaria pensar estrategicamente para desenvolver jogos não só para os gamers que estavam consumindo os consoles da Sony e da Microsoft, mas também para aquelas pessoas que eram gamers… e só não sabiam disso ainda.

Ahn? Como assim?

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“Não gostou da minha estratégia de mercado? Então toma isso aqui pra você…”

Com Iwata, a Nintendo começou revitalizando uma fatia de mercado gamer em que sempre inegavelmente aparecia como a mais poderosa: os consoles portáteis. O sempre presente em nossos corações Gameboy foi substituído pelo Nintendo DS, que até hoje – com seu upgrade para 3DS – continua esmagando a concorrência. E a Big N não parou por aí.

O grande mérito de Iwata foi investir todo o talento dos seus desenvolvedores em um novo console, o Nintendo Wii – acabando por introduzir para um mundo embasbacado a tecnologia de motion control. A estratégia deu certo. A Nintendo não só se revigorou no mercado como transformou seu novo videogame em febre: por conta da facilidade de jogar, várias pessoas que antes tinham receio de tocar em um controle se tornaram viciadas no console. A proposta era criar um videogame para todos os membros da família, desde a criança até o vovô. O resultado disso? Em 2006 as ações da Nintendo quase dobraram de valor e Iwata foi eleito um dos maiores CEO’s do mundo.

iwata 2“Sentiremos a falta dele Mario, mas o mais importante é a lição a ser aprendida.”

Por mais que nos anos subsequentes a Nintendo não tenha conseguido manter o viés de crescimento com o Wii U, não podemos deixar de respeitar a forma de Iwata pensar. Segundo ele, ao invés de lutar contra as empresas rivais, ele preferia lutar contra a ignorância nos videogames como um todo.

Fica a dica para todos os outros desenvolvedores: Por que não pensar um pouquinho fora da caixa e tentar algo novo ao invés de ficar relançando o mesmo jogo de tiro todos os anos?

Artigo: No meu coração

“On my business card, I am a corporate president. In my mind, I am a game developer. But in my heart, I am a gamer (No meu cartão de visitas, eu sou um presidente. Na minha mente, sou um desenvolvedor de jogos. Mas no meu coração, eu sou um gamer)”.

Um gamer acima de tudo. Uma pessoa que tinha paixão pelo que fazia. Uma pessoa que movimentou os corações de muitos gamers mundo afora. O meu movimentou com Balloon Fight lá na longínqua década de 1980, quase ao seu final, quando ganhei o Dinavision II Radical (Podcast #002 – alternativo, infelizmente). Nossa quantas horas passei jogando… um jogo simples, porém muito cativante. Altos embates aéreos e muitos desafios.

BallonF

Iwata-san era o programador deste jogo quando ainda trabalha para a HAL Laboratory, até que em 2002 assumiu a presidência da Nintendo. Sendo o primeiro presidente vindo de fora da família Yamauchi. Assim como o seu antecessor que entrou para revolucionar a empresa, Iwata-san trouxe muitas coisas boas também. A sua ousadia em inovar completamente tanto com o Nintendo DS quanto o Nintendo Wii surpreendeu a todos no mercado. E por mais que se fale que a Nintendo é uma empresa engessada, esta foi uma estratégia que quebrou muitos paradigmas. Como parte do seu legado, uma das suas últimas ações foi dar a partida do que pode ser uma nova quebra de paradigma da Nintendo, o NX.

Fica aqui a minha homenagem para este gamer que cativou a todos nós. Que seja muito bem recebido no céu dos games!

Artigo: O que define um rival valoroso?

SadMario

O grande rival é aquele que, apesar do antagonismo em um mesmo propósito, te faz crescer e se superar para manter-se a frente dele ou superá-lo em algum momento. O grande rival é aquele que se sente triste pelo seu infortúnio por sentir que aquele que era seu igual se perdeu, como um par de jarros gêmeos onde um deles se quebra por descuido.

Satoru Iwata teve o grande desafio de substituir o lendário presidente da Nintendo Hiroshi Yamauchi, que esteve à frente da empresa durante a “era de ouro” dos 16 bits, retratado no nosso podcast número 2 (Console Wars). Teve seus pontos de vista como CEO, alguns contestados, porém não seguiu o caminho do seu rival de outrora, sempre mantendo a sua visão romântica do que um vídeo game deve ser – o jeito Nintendo de oferecer diversão.

Particularmente não gosto do “jeito Nintendo”, mas respeito a sua visão. Manter a identidade da empresa mesmo que isso signifique ir contra o mercado atual. Pode ser uma visão ultrapassada, mas foi o que faltou ao seu rival que hoje é o jarro gêmeo trincado no alto da prateleira.

Grande trajetória, amor pelo que se faz e fé nos seus objetivos. É o que Iwata deixa nesse mundo.

Vá em paz, seu rival lhe saúda.

SonicSalute