Resenha: No Heroes Allowed: No Puzzles Either

NHA1

O puzzle dos vilões! Ou seria o vilão dos puzzles?



Jogo Grátis

Como atualmente passo mais tempo viajando a trabalho e menos tempo jogando, meu Playstation Vita – por incrível que pareça – tem se tornado minha primeira opção de passatempo gamer. Infelizmente, como todos nós sabemos, a biblioteca do mesmo não é muito vasta.

Para piorar ainda mais a situação, a crise econômica brasileira avança mais rápido que o Sonic e atingiu em cheio minha carteira. A solução foi partir para jogos grátis. Para minha surpresa o PSVita possui uma quantidade bem grande de jogos 0-800, todos disponíveis para download na Playstation Store (e não precisa nem ser assinante da PSN Plus, basta entrar na opção de games “free to play” ao acessar a loja pelo console portátil da Sony).

Foi assim que, dentre outros jogos, descobri No Heroes Allowed: No Puzzles Either, que rapidamente entrou na minha lista de jogos mais amados e mais odiados de todos os tempos.

NHA2“Uma mistura de RPG e Puzzle que vem bem a calhar”

 Justificando o Amor

Não nos enganemos, o jogo não é um Triple A. Pelo contrário, está mais para um jogo de celular do que pra um blockbuster. A dinâmica é bem conhecida, estilo Candy Crush: una três peças iguais e as faça desaparecer do tabuleiro. Simples? Nem um pouco. Os desenvolvedores da SCE Studios Japan incluíram no jogo uma série de elementos de RPG que tornam o game muito mais viciante e único.

Ao contrário da grande maioria dos games por aí, NHA:NPE te coloca na pele de um vilão, o Deus da Destruição. Durante o jogo sua dungeon será invadida por uma série de Heróis dispostos a fazer justiça e transformar o mundo em um lugar melhor, e caberá a você aniquilá-los utilizando seu exército do Mal, invocando-os através da junção das três peças iguais do tabuleiro. Uniu três Cíclopes? Um cíclope aparece. Uniu três esqueletos? Um esqueleto aparece. E assim por diante.

As partidas são rápidas e intensas, pois você deve derrotar o herói antes que ele chege ao final da dungeon. A cada fase do game você deverá derrotar três heróis, e a dificuldade vai crescendo à medida que passa. Para melhorar ainda mais a dinâmica, cada herói derrotado pode ser aprisionado e colocado para trabalhar como escravo em sua mina. É lá que você irá arranjar itens para evoluir seu exército, criando monstros mais poderosos para combater seus inimigos. Nada como transformar um dragão bebê em uma hidra poderosíssima.

À medida que as fases vão passando você acaba descobrindo que existem heróis raros que, quando unidos aos seus monstros, dão vida a seres ainda mais poderosos. O conteúdo do jogo é gigantesco, principalmente se você for um gamer que gosta de coletar tudo que é possível. Completar a enciclopédia de heróis e de monstros dentro do jogo parece ser o décimo terceiro trabalho de Hércules.

NHA3“O milagre da Evolução: Una uma flor a um guerreiro e ganhe uma geleca”

 Justificando o Ódio

Ao baixar o jogo você percebe que para entrar em cada fase você gasta uma picareta. Logo de início os desenvolvedores te dão 8 picaretas para vocês gastar; após isso você deve esperar 6 longas horas (!!!) até o jogo te dar uma nova picareta para você jogar uma única fase. Após jogada esta fase, mais 6 horas esperando! Só conheço uma palavra que define isso: picaretagem! Gamer como a gente não quer esperar, quer jogar!

Ok, existem uma série de jogos de graça no PsVita que seguem a mesma linha, como Fat Princess: Pice of Cake – ótimo game diga-se de passagem. A grande diferença entre este último e o NHA:NPE é que o tempo de espera é 20 minutos e não 6 horas.

No final das contas acabei me rendendo e pagando 7 dólares para ter picaretas infinitas. Vale a pena? Vale. Mas admito que fiquei com aquele gosto ruim na garganta, me sentindo enganado: o que me atraiu no jogo foi a promessa de um jogo simples e de graça, pois precisava economizar. Entretanto, no final, e acabei gastando o que eu não gostaria. Que decepção!

NHA4“A solução dos seus problemas”

A lei da balança

Aos amantes de puzzle e de RPG, o jogo é um tiro certo – realmente muito divertido. Possui uma profundidade que Bejeweled e Candy Crush nunca sonhariam em ter. A sensação de progresso é tangível e o jogo é um prato cheio para aqueles gamers que se assemelham a treinadores de Pokemon e precisam capturar tudo que veem pela frente.

Entretanto, por conta do impedimento das 6 horas, o jogo “grátis” à disposição na PSN poderia ser melhor considerado um DEMO de luxo. Portanto, se for cair dentro, fique atento para não ter o grau de decepção que eu tive. Afinal, para desfrutar do jogo em sua plenitude e no momento em que bem entender, se prepare para gastar seus preciosos Reais. Apesar de ser um jogo bem legal, a proposta dos desenvolvedores não está clara na descrição do produto na PSN Plus – o jogo diz apenas que microtransações estão disponíveis, como em praticamente todo jogo hoje em dia – mas não é esse o caso.

Nota:  NHAnota  ( 2,5 de 5 )

Resenha: Dragon Age Inquisition

DA Logo

Uma fenda no céu e uma heroína na terra (human female rogue FTW!)


Thedas

Mapa DA

Bem-vindos novamente a Thedas. Para aqueles que reclamaram do escopo do segundo jogo da série, agora não mais têm o que falar. A Bioware trouxe um vasto mundo para ser explorado. A campanha basicamente se passa entre as nações de Orlais e Ferelden, alguns poderiam argumentar de que se tratam de representações da França e da Inglaterra, respectivamente.

Algumas comparações pertinentes, enquanto que em Skyrim a totalidade do mapa está aberta ao player logo de cara, além de que a travessia é feita sem transições; em Inquisition, as regiões são contidas em seu próprio mapa. Apesar disso, percebo que em Inquisition há uma maior capricho na qualidade do mapa em si, gerando mais encontros e cenários interessantes. Ao passo que em Skyrim, o gamer poderia ficar um bom trafegando por regiões completamente inóspitas e sem conteúdo relevante.

Antes de começar o jogo, principalmente para aqueles que jogaram as outras edições da série, vale conferir o Dragon Age Keep. Lá você poderá personalizar o seu estado de mundo conforme as suas escolhas feitas anteriormente, da forma que elas sejam refletidas nesta edição. Caso Inquisition seja sua primeira incursão no mundo de Dragon Age, pode ir com o estado default, sem problemas.  No entanto, é bom frisar que como o jogo se utiliza de muitos conceitos anteriores, é possível que o gamer novato fique um pouco perdido, devendo ler os codices no menu do jogo.

Inquisidor apresente-se!

O jogo apresenta um robusto modo de criação de personagens, desde a escolha de raças até mesmo com respeito as minúcias dos atributos físicos. Dentro das raças, o gamer pode escolher entre os tradicionais humanos, elfos e anões e também agora novidade nesta versão, os qunaris.

DARace

As classes disponíveis no jogo são as conhecidas: guerreiro, ladino e mago (esta não permitida aos anões). Adicionalmente dentro das classes guerreiro e ladino, pode-se escolher uma característica de batalha específica. No caso do guerreiro: espada e escudo ou espada de duas mãos. E no caso do ladrão: dual-wielding ou arco-e-flecha. Mais adiante no jogo o gamer poderá escolher uma entre três especializações, dependendo da sua classe principal. A novidade agora é que as especializações estão associadas a quests, ou seja, você precisa primeiro liberar e completar o desafio específico para poder se especializar. Ponto interessante também é que o seu personagem não é silencioso e você pode escolher entre dois tipos de atuação para te representar. Bem legal.

DAClass

A mão que balança o céu

O jogo começa com o seu personagem sendo acusado de ter destruído o conclave dos magos e templários, dado que você foi o único sobrevivente do acidente. Não só isso, mas também você é culpado pela grande fenda que se abre nos céus. E ela de alguma forma está ligada ao poder que emana de suas mãos.

No desenrolar da história, você começa a montar a Inquisição, um poder paralelo que age como um bastião da justiça num mundo imperfeito. O objetivo da história é muito simples, entender o motivo da existência das fendas e fecha-las. Ao contrário dos outros jogos da série, a main quest é relativamente curta, além de que há poucas escolhas morais a serem feitas. Mas isso não importa, o jogo se sobressai muito é na construção de mundo.

E como sempre o destaque vai para a ensemble de personagens, algumas caras conhecidas e outras novas. A interação entre eles é fantástica e dá gosto ficar ouvindo horas e horas de seus diálogos. É interessante ver que eles existem e interagem sem o input do jogador. Várias vezes fiquei na dúvida ao escolher os personagens que levaria junto comigo, não só pela questão do poderio, mas também pelas conversas que eles poderiam ter. Outro ponto já tradicional dos jogos da Bioware é interagir com os seus companheiros sempre após missões ou algum outro evento relevante, você pode se surpreender com as conversas.

Vale mencionar também as quests específicas dos seus companheiros, são muito legais e profundas, tanto pela descoberta do seu background como pelas opções de romance. Inclusive um personagem revelou muito mais sobre si ao ser romanceado. Aliás, um outro personagem ao ser romanceado revela muito mais sobre o próprio background da história. Não vou dar o spoiler, o jogador perspicaz irá perceber isso.

DACharacters

Ao ataque, Inquisição!

O jogo traz alguns elementos novos em seu gameplay. O ataque básico agora está no gatilho e pode ser mantido pressionado para ataques contínuos. Há um pequeno combo atrelado ao ataque básico, e algumas das armas modificadas podem alterar este combo adicionando skills ao mesmo. Conforme você evolui os personagens, pontos são disponibilizados para serem alocados nas diversas classes, sendo que cada habilidade tem dois níveis. Normalmente o primeiro nível da habilidade desbloqueia também aumentos nos stats dos personagens, sendo essa a única forma de evolui-los.

Em geral, nos modos mais fáceis os personagens controlados pelo computador se comportam bem. Mas em níveis mais difíceis, com fogo amigo acionado, é de suma importância utilizar a câmera tática. Sem ela, você não sobreviverá! Ao pausar o jogo, você tem acesso as principais estatísticas dos inimigos, podendo assim se organizar tanto em termos de posicionamento quanto de ataque.

DATactical

Outra novidade, e essa me causou certa estranheza, é a falta de magias de cura. No final acabou funcionando, porque obriga o jogador a abusar de buffs, debuffs e poções. A maior parte dos buffs acrescenta uma segunda barra de energia no personagem. As únicas maneiras de se recuperar o HP são: tomando uma poção de energia ou com a especialização Knight Enchanter disponível para magos (e para a personagem Vivienne) que possui uma habilidade overpower de recuperação.

O jogo também vem com um modo de crafting bastante robusto onde você pode utilizar os itens coletados ao longo de sua jornada para transformar armas, armaduras e por aí vai.

Ao se completar as inúmeras missões do jogo você ganha pontos de poder e pontos de influência. Com os pontos de poder, o gamer pode abrir novas áreas e novas missões do jogo. Para abrir novas áreas, o Inquisidor conta com três assessores e cada um com seu estilo peculiar. Apesar de não ter efeitos muito profundos no jogo, é interessante parear um assessor com o tipo de missão que lhe é favorável em termos de estilo. Pois cada um tem o seu jeito de resolver. E isso aparece no mostrador de tempo restante da tarefa, que corre em tempo real (funciona com o console desligado também), quanto menor o tempo, melhor o assessor para aquela missão.

Enquanto que os pontos de influência se transformam em melhorias para a própria Inquisição, sendo que cada nível alcançado concede um ponto a ser alocado nas seguintes categorias: Forces, Connections, Secrets e Inquisition. Sendo as três primeiras categorias referentes as principais características dos assessores do Inquisidor.

Conclusão

Eu gostei muito do jogo e claro, sou fã da série desde o seu início! Fiquei completamente concentrado e imerso nesse mundo! E assim que terminei, comecei uma nova partida para experimentar algumas coisas diferentes. Devo dizer que jogar como mago está muito melhor do que antes.

Mas devo comentar acerca de alguns pontos. Um deles é o fato de que algumas quests no meu gameplay estarem quebradas. Claro, eram quests sem a menor relevância para o escopo geral. Aliás, este é outro ponto que me incomodou um pouco, a abundância desses tipos de missões e que se repetiam em todos os mapas do jogo. Me parece que isso é feito para artificialmente estender a longevidade do jogo. Isso é corroborado pelo fato de que quando você termina a história, você pode continuar jogando (com exceção das quests de companheiros). Mas não curti, e no final você até acaba tendo que fazer várias dessas para poder descolar pontos de poder e liberar novas áreas.

A main quest suscita mais perguntas do que respostas, não sendo tão profunda assim como eu esperei, principalmente dado o escopo do jogo. O vilão é sem graça no fim das contas, apesar de começar muito bem. E nas famosas cenas pós-créditos, ali que realmente a história dá aquela esquentada, mas já é tarde demais.

É um jogo bastante robusto, com muito conteúdo, que com certeza vai trazer centenas de horas de divertimento para o gamer. E claro, dragões!

Nota: DANota (4,0 / 5,0)

Resenha: Child of Light

CoLLogo

 Em 2014 a Ubisoft nos apresentou um reino em penúria / Escravizados foram todos por uma rainha escura / Este triste reino, outrora feliz, se chama Lemúria / Embora envoltos em sombra, um raio de esperança recusa-se a desmanchar / Pois sabem que o sol, a lua e as estrelas, a princesa da luz irá recuperar…


Bem-vindo a Lemúria

Na Áustria do século XIX, um reino feliz é agraciado pelo Duque que o governa, sua esposa e sua filha tanto amada, Aurora.

Porém a felicidade é efêmera e Aurora morre, pouco tempo depois de sua mãe. A história começa quando Aurora desperta em outro mundo e se depara com uma criatura chamada Igniculus, uma espécie de vagalume falante, que se torna o primeiro aliado da confusa protagonista em sua jornada. Ele pede que Aurora o ajude a libertar a Senhora da Floresta, sua criadora, que está aprisionada. Nessa primeira missão, Aurora encontra sua espada e o seu propósito em Lemúria: recuperar o Sol, a Lua e as Estrelas que foram roubadas pela Rainha Umbra.

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Vários personagens são encontrados durante a viagem. Rubella e seu irmão Tristis, que têm a peculiaridade da alegria e da tristeza. O Capilli Finn, que parece um anão e tem uma longa barba apesar dos seus treze anos de idade. É o mago do grupo. O arqueiro Robert e a misteriosa Norah, irmã de Aurora, entre outros. Cada personagem tem a sua própria história e problemas que são resolvidos com o tempo ou amenizados com a doce melodia da flauta de Aurora. Melodia essa aprendida com a Senhora da Floresta.

Essa espada pesa

O sistema de batalha não é um ponto de inovação em Child of Light. Como já dito na resenha do Grandia (confira nossa resenha aqui) o esquema de batalha bebe bastante desta fonte. A barra de tempo está presente assim como o círculo de ações que podem ser tomadas (ataque comum, magias, itens e etc.). Mas isso está longe de ser ruim!

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O sistema funciona muito bem e força a utilização de uma boa estratégia para vencer. Nunca foi tão importante saber a vulnerabilidade dos inimigos para causar maior dano e isso leva o jogador a se aventurar no sistema de combinação de cristais para aumentar o poder das armas, melhorar a defesa contra ataques elementais, etc.

Apesar de termos disponíveis apenas dois personagens por vez, é possível troca-los em batalha, dando mais possibilidades de estratégias. Diferente de outro RPG da Ubisoft, South Park The Stick of the Truth, que também é excelente e tem um modo de batalha bem parecido, mas não permite a mudança do personagem criado pelo jogador.

O toque de originalidade é a utilização de Igniculus para cegar seus inimigos com um brilho forte e retardar assim a barra de tempo deles ou até mesmo fazer com que errem ataques físicos.

Fora das batalhas, é bem divertido se movimentar pelos cenários lateralmente, principalmente após conseguir a habilidade de voar. Encontrar tesouros e falar com pessoas encontradas nas cidades do jogo não é nada maçante.

Sol, lua e por que não, estrelas?

Além da cativante história, dos personagens carismáticos e da divertida movimentação e lindas batalhas, temos vários motivos a mais para nos deliciarmos com o jogo. Os gráficos dos cenários são lindos, e cores fortes são bem unidas a excelentes efeitos de luminosidade. Nada difícil de imaginar de um jogo que utiliza a mesma engine do belíssimo Rayman Legends.

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O cuidado com as pequenas coisas como diálogos rimados, o jeito como Aurora sente o peso da espada ao levantá-la em batalha e como sua coroa cai no chão ao ser atingida. A personalidade forte da protagonista, a originalidade dos cenários e as músicas do jogo.

Ahhh as músicas do jogo…

Faixas como “The Shadows of pluto” – a primeira canção de batalha – “Mother”, “The Sword of Mars” entre outras, fazem com que o jogo seja um deleite musical para o player por boas horas de jogo.

Luz!

Ainda mais bonito que o jogo é o seu preço! O jogo está disponibilizado por um preço tão acessível que é confundido facilmente com um indie game, Por toda essa qualidade é quase uma obrigação joga-lo.

CoL1

Talvez o único ponto negativo do jogo seja a falta de mais diálogos com vozes, mas nada que faça o jogo valer mais do que o preço de venda. Facilmente um dos melhores custos benefícios do mercado de games.

Nota: nota child of light(4,5 / 5,0)