Resenha: Broken Age

Broken Age“Like a Bucket of fingers”
“Like an alligator wrestling a pretzel”
“Like a mathematical formula”
“Like a lazy pole vaulter”


“Essa galera que fez The Cave não tem nenhum jogo novo, não?” Esta pergunta foi repetida algumas vezes em momentos de tédio eletrônico por minha ilustre namorada, a quem eu apresentei o videogame há seis anos atrás. Todas as vezes que esta dúvida surgia, procurávamos tanto no site da Double Fine quanto na PS Store. O trailer do Broken Age nos chamou atenção algumas vezes, mas, até pouco tempo, nenhum de nós tinha PS4. Recentemente este problema foi sanado do meu lado, e comprei o Broken Age.

Pra ver se valia a pena, comecei a jogar antes dela. Pouca coisa, só até zerar. Calma, não pense em mim como um viciado egoísta, houve uma boa razão: aguentar o jogo todo não é um trabalho para quem só joga há seis anos. É preciso maturidade e paciência para vencer certas partes desta saga. Vella e Shay precisavam da minha ajuda para vencer suas tribulações. Por muito pouco não os deixei na mão…

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“Por pouco não deixei os dois dormindo”

O jogo, ao mais famoso estilo Tim Schafer, é point and click. Logo no início notei algo muito promissor: o cursor alterna entre todos os objetos interativos do cenário quando se move o analógico direito. Fiquei feliz, pois de cara soube que não haveria aquele momento em que ficaria empacado varrendo cada pixel da tela para descobrir o que fazer, ao mais famoso estilo Tim Schafer. Os puzzles seriam um desafio mental, de pura lógica e método, causa e consequência. Não foi bem assim. Divido os puzzzles deste jogo em três grupos: os óbvios, os impossíveis, e o maldito puzzle do nó.

Muitos dos puzzles são tentativa e erro e/ou não fazem muito sentido. No lugar de um epifânico “Ah, então é assim!”, eu me peguei na maioria das vezes em um “Sério mesmo?”.

tube“Hmmmm, qual dessas seis possibilidades faz alguma coisa que eu não imagino? Vamos tentar todas…”

Em uma ocasião, é necessário esperar alguns minutos sem fazer nada para se obter um item. O puzzle final do jogo também não faz nenhum sentido, basicamente a solução é agir de forma burra. E o puzzle do nó… Ah, que fúria. Uma cólera digna de épicos gregos. Nele o jogador tem que, como já deve ter ficado implícito, desatar um nó cego. Sem muitos spoilers, é necessário achar um especialista em nós, DESCREVER o nó para ele e voltar com instruções passo a passo. A cada erro o nó muda, e é necessário repetir o processo. Ah, e não raramente ocorre um bug em que a opção certa não está disponível.

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“Nenhuma dessas, pra mim parece um game designer que não foi amado pela mãe”

Então caro leitor, você deve estar se perguntando por que eu, uma pessoa que não foi paga para escrever esta resenha, jogou Broken Age até o final? Muito simples: o roteiro do jogo é um dos melhores que eu vejo há um tempo. O tema central gira em torno de tradição e religião, e o porque de termos a tendência de não questionar a primeira e buscar a segunda. O jogo acompanha a vida de Vella e Shay, dois jovens com seus problemas. Vella está se preparando para ser oferecida como sacrifício a um monstro que visita sua vila a cada 14 anos. Perguntando a seus familiares por que não lutar contra ele, ela sempre ouve “Porque sempre fizemos as coisas assim”. Frase emblemática e verossímil, reforçada ao longo do jogo em várias situações. Já Shay vive em uma nave espacial sob os cuidados de uma mãe-computador superprotetora. Sua missão e destino são um mistério que seu tédio e sua curiosidade adolescente se põem a resolver.

hipster“Curtis já usava camisa xadrez muito antes de virar moda.”

Estes temas, embora sérios e relevantes, são abordados com um humor leve e que muitas vezes me fez rir alto sozinho em casa. O jogo tem personagens memoráveis e surpreendentemente complexos, com qualidades e defeitos. Desde o Guru com algo a esconder até seu súdito que leva a seita muito a sério, passando pelo lenhador com medo de árvores. Um destaque especial para as duas sacerdotisas cegas, cujo arco de narrativa é simplesmente perfeito.

Riddle“Repare na consternação de Vella ao perceber que estava frente a frente com personagens muito mais interessantes que ela.”

O jogo é dividido em dois atos, e me capturou de verdade no final do primeiro. Estava tão de saco cheio de seus puzzles que apelei para um walkthrough só para adiantar a história e chegar logo no final. Se você é como eu e valoriza uma boa história em um jogo, medite, tome um chá de camomila e encare Broken Age. Se paciência, ou masoquismo não são seu forte, pelo menos veja um walkthrough.

Nota: notaBA (2,5 / 5,0)

Diretas já!

PSLogo

Amigos Gamers! A partir dessa quinta-feira dia 13, a Sony dará início a sua nova adição na PS PLUS, chama-se Vote to Play. Os jogadores agora poderão decidir quais jogos de PS4 estarão disponíveis na seleção do mês seguinte. Óbvio que não são quaisquer jogos. O gamer poderá decidir dentro de uma seleção de 3 jogos qual é o seu escolhido! 3 jogos previamente selecionados pela Sony, é claro. Mas mesmo assim é uma ótima iniciativa.

A votação irá até o dia 24 de agosto e o jogo mais votado ficará de graça. Enquanto que os outros dois virão com um desconto estilo “Plus”.  Para votar, entre na PSN Store e acesse Vote to Play embaixo de “Novidades” e “Notificações”.

Vamos conhecer os candidatos:

Armello

Grow Home

Zombie Vikings

Artigo: Jogos como serviço

Olá Amigos Gamers! Hoje falaremos sobre um tema que anda incomodando muito a cabeça dos grandes colecionadores. O tratamento que está sendo dado aos nossos queridos jogos, antes um produto físico e hoje cada vez mais se aproximando de um serviço.

Mas do que diabos estamos falando?

Cada vez mais os jogos se assemelham ao tratamento de um software convencional. Atualizações, correções e versões. Do inglês, Software as a service (SaaS) é uma forma de distribuição e comercialização onde a principal característica não é a aquisição de licenças. Os conceitos e definições de propriedade ficam cada vez mais complicados, visto que o usuário não é mais dono daquele produto específico. Uma característica desse modelo é o baixo desembolso inicial e o pagamento ao longo do tempo pelo uso. Dentro deste espectro é comum vermos os seguintes meios de distribuição e aquisição: lojas virtuais (ex: PSN Store, Xbox Live, Steam, Splitplay e por aí vai), valor recorrente ou assinatura (ex: EA Access, PS Now, PS Plus, Games With Gold) e os chamados freemiums.

Loja virtual, jogo virtual, diversão real.

Store“Saudade das lojas e dos manuais…”

Esta é a evolução do modelo tradicional da loja física. Vai lá, procura seu jogo de interesse e paga no caixa. Simples assim. É seu. Mas será mesmo? Um primeiro ponto é que a premissa de propriedade sempre implicou em você poder se desfazer dela. Um segundo ponto é a grande confusão das plataformas virtuais com a famigerada DRM (digital rights management), que seria o limitante da difusão daquela cópia específica, preservando assim os direitos autorais dificultando cópias não autorizadas. Mas também previnem a transferência de direito de uso de uma cópia para outrem. Emprestar jogos para os amigos como era antigamente, esqueçam!

O mercado de jogos virtuais de PC é mais antigo e mais desenvolvido que os das plataformas caseiras. Começando com o Steam lá atrás em 2003 e hoje não somente sendo uma plataforma de vendas, mas também de interação social oferece a maior quantidade de jogos. Outras empresas como a Ubisoft e o seu Uplay e a Eletronic Arts com o Origin entraram na briga para não ficaram para trás. No Brasil temos como exemplo a Nuuvem que mais se assemelha ao Steam, com uma grande oferta e o Splitplay que é focado exclusivamente em jogos independentes brasileiros.

As plataformas PSN e Live não oferecem somente jogos. Filmes, séries e músicas também podem ser encontrados lá. Uma reclamação muito comum dos gamers é que as plataformas digitais caseiras têm preços iguais ou mais caros por mais tempo do que as lojas físicas. E sempre nos perguntamos, já que não há uma série de custos que existem fisicamente (como embalagem, transporte, funcionários, etc) que não existem no mundo digital, por que isso? Um ponto de partida é a questão da relação comercial, porque efetivamente a Sony e a Microsoft acabam sendo competidores diretos dos varejistas. E é uma relação tênue, porque o varejista é o responsável por escoar os consoles. A qualquer momento ele poderia simplesmente se recusar a distribuir os produtos principais destas empresas e prejudicar toda essa cadeia. Portanto a resposta não é tão simples assim.

Acesso ilimitado! Só que não…

PSNow“Playstation Agora? Passa mais tarde.”

A Sony quando comprou a Gaikai em 2012 deu o primeiro passo para consolidar esse nicho de atuação. Lançando em 2014 o serviço PS Now, o gamer tem acesso a uma vasta coleção de jogos (de PS3 apenas) que podem ser acessados via assinatura (mensal ou trimestral) ou via aluguel. Complementando essa estrutura, a Sony lançou o Playstation TV e ainda por cima possibilitou a utilização desse serviço em suas televisões Bravia. E recentemente expandiu esse serviço para os televisores da Samsung!

Infelizmente o serviço ainda não tem no Brasil, e por ora, sem previsão. Além de que os preços são bem salgados. Outro ponto a salientar é a questão da conexão, visto que os jogos são todos transmitidos via streaming e não processados em máquinas locais. Como ficará o lag dos inputs dos comandos? São muitos os servidores transmitindo? O custo para se manter uma infraestrutura dessas não é nada barato e talvez isso justifique por ora esses preços altos. É interessante notar que essa iniciativa funciona não somente nos consoles, será que isso é um prenúncio de algo?

EAccess“Fifa 14, Fifa 15 e por aí vai…”

A EA em contrapartida está oferecendo um serviço semelhante a PS Plus e a Games With Gold, o chamado EA Access. Disponível apenas para o Xbox One e por R$10 mensais (a assinatura anual, no entanto custa R$59), o gamer tem acesso ao que eles chamam de The Vault e enquanto a assinatura for válida os jogos poderão ser baixados normalmente. Além de ter acesso antecipado a alguns jogos selecionados e descontos em compras futuras. A seleção de jogos ainda não é muito grande, mas a tendência é que eles aumentem a disponibilidade. E com a retrocompatibilidade anunciada pode ser que a EA autorize outros jogos de Xbox 360 para serem baixados também. O que traria um ótimo valor ao serviço.

A ideia por trás desses serviços é muito boa. Um problema inerente não é o método de acesso, mas sim a oferta de jogos, que no caso da PS Plus e Gold mudam todo mês e se você os perdeu, não tem mais volta. Por ora como o EA Access ainda está no seu nascedouro, pode ser que no futuro venha também a sumir com alguns antigos. Ademais, o gamer fica a mercê da seleção proposta pelo prestador, gerando no caso da Plus jogos mais cotados no seu início e depois maturando em jogos menos cotados pelos gamers em geral.

São de graça mesmo???

CCSaga“Ainda bem que aceita cartão. Trocarei por milhas.”

Os freemiums (o contrário de premiums) são inicialmente de graça e com acesso a algumas poucas features do jogo (podem conter propaganda também), contudo possuem planos de pagamentos que liberam as diversas funcionalidades do jogo. Embora os consoles tradicionais se utilizem também de freemiums, eles são mais comumente encontrados nas plataformas de celular. E são normalmente associados aos incautos que acabam gastando muito mais do que deveriam ou do que o jogo realmente vale. Os bons dessa categoria, e infelizmente são poucos, realmente recompensam o player pela sua perseverança, mas no geral servem apenas de artimanhas para enganar os jogadores.

Hearth“Hum, tem alguma coisa errada? 1 pack, 100. Mas 2 packs são 2,99? Melhor levar 40.”

Hearthstone foi um exemplo de jogo que pegou os gamers de supetão. Oferecendo profundidade e recompensas sem pagar por elas. Contudo, se ainda assim você quiser gastar, é possível. Mas é relativamente enganoso como nos outros jogos dessa categoria. É possível uma experiência mais profunda e menos desonesta nessa modalidade? Com certeza! Mas ainda estamos a sua espera.

E agora?

mario-question-block???

Difícil responder a esta pergunta. Estamos ainda num momento de transição. As empresas estão testando as águas e nós gamers também. Os antigos colecionadores de caixinha e manual estão sumindo. Com essa predominância de jogos digitais, no entanto, edições especiais físicas realmente podem subir de preço e agregar mais valor aos jogadores, tipo a do Fallout 4 que virá com um Pipboy de verdade!

A loja tradicional de PC, acho que já podemos chamar assim, entendo que é a que seria mais uniforme, pois propicia até mesmo pegar os jogos mais antigos, como no GoG, por exemplo. Apesar de sim, existirem peças diferentes, novas placas e tudo o mais (o que normalmente é a grande crítica ao sistema), basicamente depende do mesmo software para rodarem os jogos desde sempre. Considerando que muitos jogos já são desenvolvidos para PC, eu diria que é relativamente fácil adaptar games antigos para rodarem em computadores novos.

O que não acontece com os consoles. No meu exemplo, ao trocar de geração, eu possuía diversos jogos digitais tanto para Xbox 360 quanto para PS3 que não só eu não os tinha jogado, mas que ficaram perdidos num limbo misterioso. Pois ao vender estes consoles não pude agregar valor aos mesmos, entregando-os com todos estes jogos (a não ser que cedesse a minha conta, o que não faz sentido algum) e tampouco posso aproveita-los no meu videogame atual. Paguei por eles, mas não os tenho.

E vocês, Amigos Gamers? O que acham disso tudo? Estão felizes com os rumos da indústria? Diga-nos!