Artigo: O poder bélico faz a superpotência.

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-Senhor, o inimigo tomou 90% do nosso território. Estamos próximos da aniquilação.

O soldado adentrou arfando pela sala do general T. Kalinske.

– Não entendo senhor – continuou o soldado – temos franquias de sucesso como o Alex Kidd, ele tem até a roupa vermelha e obviamente uma música melhor, porque não conseguimos tomar mais territórios senhor?

O general T. Kalinske levanta de sua cadeira de couro e observa a janela, fita ao longe como quem mede o terreno que poderia alcançar.

– É quase impossível abater o inimigo com o que temos, eles detém o poder bélico do mundo utilizando do medo e da trapaça soldado – virou-se dramaticamente o general olhando para seus subordinados – Konami, Capcom, dentre outros fabricantes de projéteis estão sob suas asas imperialistas, elas tem a promessa do inimigo que serão dizimadas caso nos forneçam armamento para a guerra.

– Complemento senhor que eles também monopolizaram os postos avançados de distribuição da nossa ideologia senhor. – O Coronel Nielsen interrompeu polidamente a palavra do General – Postos avançados, como o Walmart, se recusam a distribuir nosso produto de guerra. São igualmente chantageados pelo nosso inimigo. Dizem que não podem abrir mão de uma base tão grande de consumidores e pedem para que não incomodemos mais – o coronel respirou fundo e engoliu seco – Dizem que é melhor desistirmos senhor.

– Que esperança temos senhor? Será que é o fim? – O soldado parecia triste e incrédulo na capacidade do seu líder. – Notícias do front dizem que uma das pátrias que atacavam diretamente nossos inimigos caiu e alguns deles tentam esconder algumas armas secretas para atacar posteriormente.

– Que armas são essas? – Perguntou T. Kalinske.

– Dizem que o antigo império está criando uma arma mais potente que o 8-bits deles, dizem que se chamará Jaguar – Coronel Nielsen disse temeroso – Se obtiverem sucesso, seremos facilmente destruídos senhor.

General Kalinske sorriu – Estão obliterados antes mesmo de se erguer para guerra, esse não é o caminho.

– Parece tranquilo senhor, o que tem em mente? Já não tentamos de tudo? – Coronel Nielsen chamou a atenção de todos com a indagação rude.  Parecia óbvio que não havia saída para a derrota iminente.

– Recebi uma ligação de nossa base oriental. – General T. Kalinske olhou todos com brilhos nos olhos. – Nós temos uma arma em desenvolvimento, não se trata de um canhão melhorado de 16-bits, se trata de uma arma capaz de rivalizar com a arma mais poderosa deles.

– Rivalizar com a bomba vermelha? A M. World 3? – Disse o coronel Nielsen

-Não – General Kalinske sorriu – Ela rivalizará com a bomba vermelha nova do canhão de 16-bits que eles estão desenvolvendo, o S.M.World.

– Deuses! – Exclamou o Soldado – Rivalizar o S.M. World!??

– Não consigo acreditar nisso general! – Exclamou coronel Nielsen – Como se chama essa arma?

General Kalinske olhou novamente pela janela e ficou alguns segundos calado, voltou-se para seus subordinados e sorriu com o sorriso mais brilhante que conseguiu ter.

– É a arma que vai nos ajudar a conquistar o território do antigo Império Atariano, a arma que eles irão temer, a arma que o povo irá adorar e deixarão de temer a chantagem do nosso inimigo, a arma que será finalmente temida por eles! Mais do que um canhão de 64-bits! Mais do que um novo periférico! Mais até que a nossa invasão no Walmart! – General Kalinske sentou-se novamente, cruzou os dedos sobre a mesa e disse de forma confiante.

– Chamem-no por enquanto de “Ouriço azul”.

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Esse pequeno texto é uma homenagem a arma lançada pela SEGA 25 anos atrás, no dia 23 de junho de 1991, na guerra dos consoles contra a Nintendo. O único mascote capaz de rivalizar com um certo bigodudo e que pode ser, sem sombra de dúvidas, chamado de “o único a quem ele temeu”.

Sonic marcou a arrancada da SEGA na conquista do território americano quando a empresa chegou a dominar mais de 55% do mercado, abriu as portas do mercado varejista para a venda do Mega Drive, antes restrito aos produtos Nintendo e superou o encanador em popularidade no início dos anos 90 nos EUA.

Parabéns Sonic! Aqueles que amam os games te saúdam!

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Resenha: Her Story

HSLogoAparências enganam…


A história dos outros

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Ah, os anos 90. Houve quem pensasse que o futuro dos jogos estava na “realidade” e por isso precisávamos de jogos que fossem realmente filmes. Com o advento do “kit multimídia”, onde fomos apresentados ao maravilhoso mundo do CD, o mercado foi inundado de jogos filmados. O difícil era a interação com o próprio jogo. O que poderia ser jogável de fato? Porque o vídeo ia se desenrolando sem o input do jogador, imaginem quantas cenas deveriam ser gravadas para registrar as suas possíveis ações!

Um ponto positivo é que esses “jogos” enveredaram por searas nunca antes vistas nos games até então: thrillers, erotismo, bizarro, terror, detetives, até jogo de ritmo dos Power Rangers (aqui) e episódios de Star Wars (aqui). Mas infelizmente a ambição era maior do que os meios disponíveis, gerando inúmeros momentos de vergonha alheia. A produção rivalizava com os “melhores” filmes B da época.  Atuações pífias, cenários ridículos, todo o pacote.

A história dela

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Então chega o futuro. Sam Barlow, criador de Silent Hill: Shattered Memories, resolve resgatar esse feeling dos anos 90.  Não só trazendo o FMV, mas como toda a estética daquela época.

Her Story é a história de um crime contada de forma não linear, protagonizada unicamente por Viva Seifert em uma atuação impecável. E por que isso? Porque ela não interage com ninguém. Ninguém que o jogador veja ao menos. É o seguinte: o jogador tem acesso a um terminal da polícia e uma base de dados que por força do destino foi corrompida, portanto os vídeos foram todos embaralhados e desorganizados.

O seu papel é tentar organizar os vídeos dos interrogatórios onde a personagem que Viva interpreta (revelar o seu nome também é spoiler) está sendo questionada pelo desaparecimento do seu marido. Os vídeos são apenas ela falando com o seu interlocutor da polícia (ele não é mostrado, no entanto) explicando e respondendo perguntas (que você infere através da resposta).

Os vídeos em sua maioria não são muito longos, podendo ter alguns poucos segundos, chegando a 2 ou 3 minutos no máximo. Para se chegar neles, você precisa digitar no terminal palavras-chave que te levarão a um vídeo específico onde aqueles termos foram ditos. A pegadinha é que termos genéricos te levam a uma quantidade muito grande de hits, mas somente os 5 primeiros da lista é que são mostrados. E obviamente termos muito específicos te levam a becos sem saída. Basicamente, é como pesquisar no Google. É muito importante prestar atenção no que está sendo dito por ela para que você possa fazer follow up nas respostas dela. Dentro dos vídeos você também pode adicionar tags que ajudam a organizar o seu pensamento.

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Este é um formato muito interessante, onde o jogador é basicamente um voyeur analisando a vida alheia. Também é muito gratificante quando se descobre alguma informação relevante, depois de inúmeras buscas infrutíferas. E como saber se você está avançando no jogo?  Detalhes sutis são mostrados na tela quando você os acha e há um “programinha” (o terminal realmente simula um desktop de sistema operacional) que indica quantos vídeos você já viu.

Her Story vem altamente recomendado por ter uma história muito interessante, quiçá aberta a interpretações porque ao “final” não há um vídeo esclarecedor revelando todos os meandros. Cabe a você decidir se você está satisfeito com a sua conclusão ou não. Inclusive ela pode vir, sem ao menos ter assistido todos os vídeos de fato. Vale dizer que um conhecimento de inglês avançado é necessário para compreender e procurar pelas palavras.

É uma ótima experiência, que engrandece muito mais quando se é jogado de uma vez só. Então arrumem um tempinho e joguem! Está disponível para iOS, Mac e PC.

Nota: HerNota (4,0 / 5,0)