Resenha: Dust – An Elysian Tail

DustlogoDust é um daqueles games que te pegam de surpresa e te surpreendem. Hoje em dia o culto aos games AAA é uma coisa comum, e games indies como Dust passam despercebidos pela maioria dos jogadores. Não somente hoje em dia, mas essa é uma tendência que vem se confirmando desde a geração passada, época em que o game foi lançado.


Poeira bem feita!

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Ambientado no mundo fictício de Falana, o jogo tem como personagem principal Dust. Um herói que, a princípio, parece ser um tanto quanto “clichê”, ajudando a todos aqueles que ele encontra pelo caminho. O jogo se inicia após Dust ser acordado em uma floresta por uma espada mágica falante e misteriosa, conhecida como Blade of Ahrah, que diz ter sido invocada por ele. Dust não se recorda de nada, nem seu passado, nem onde ele está, e nem mesmo seu nome. Logo em seguida, se une também ao grupo Fidget, uma espécie de fada e guardiã da Blade of Ahrah. Mas de clichê o herói da aventura não tem nada, e seu passado nebuloso junto com sua verdadeira identidade, serão descobertos ao longo da aventura.

Os gráficos em 2D de Dust são lindos e impressionantes, lembrando bastante um desenho animado. As animações, os cenários variados e muito bem detalhados, os efeitos de chuva e nevasca, o design dos personagens/inimigos e etc, é tudo muito bem feito. De cara o jogo já te conquista pelo visual. E o melhor de tudo é que o game não é só um “rostinho bonito”, ele tem conteúdo também.

Espada nervosa

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A jogabilidade é excelente, os controles respondem muito bem a tudo e as batalhas são bastante dinâmicas. Dust é um hack ‘n’ slash adventure/action em side scrolling com elementos de RPG como experiência, craft, equipamentos e side missions. Habilidades especiais como pulo duplo, rasteira, subir por paredes, entre outras, serão conquistadas ao longo do jogo. O sistema de batalha conta com ataques e combos simples de executar, além da ajuda de Fidget, que funciona como se fosse uma skill. Fidget tem 3 tipos de ataques distintos que ganhamos ao longo do jogo. Esses ataques sozinhos não causam muito dano ao inimigo, mas combinados com uma habilidade especial chamada de “Dust Storm“, eles causam um dano devastador. E essa é uma dica que eu deixo aqui para quem for jogar, investir no Fidget na hora de distribuir pontos de evolução quando subir de level.

O jogo não é longo se você apenas seguir em frente para terminar a campanha, mas o game conta com várias side quests, tesouros escondidos e segredos que vão aumentar bastante o número de horas jogadas, tornando o jogo ainda mais divertido. Vários desses tesouros e segredos só podem ser achados depois que certas habilidades especiais são adquiridas ao longo do jogo, como pulo duplo, escalar paredes e etc, e cristais coloridos especiais que servem para abrir alguns obstáculos específicos com cores distintas. E isso vai fazer você revisitar todos os cenários novamente para explorar e chegar a lugares que você não podia acessar antes. O tempo de campanha vai depender muito da forma que você vai jogar. Eu fechei o jogo duas vezes, na primeira vez, só fazendo a campanha e jogando no hard eu levei umas 9 horas, e na segunda vez, fazendo 100% do jogo, também jogando no hard, eu terminei em 22 horas.

Vindo do pó

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Uma curiosidade bacana sobre o game é que ele foi feito por apenas uma pessoa. Isso mesmo, o jogo foi desenvolvido por Dean Dodrill, e na verdade, a ideia original era criar um desenho animado. Dean não sabia nada sobre desenvolvimento de jogos, nem mesmo sabia programar, e recorreu a tutoriais e dicas pela internet. Dean utilizou a XNA engine, da Microsoft, dedicando-se em tempo integral. Em 2009 ele venceu a competição do Dream Build Day, e graças a isso ele recebeu um convite da Microsoft para lançar seu game na Xbox Live Arcade.

Dust: An Elysian Tail é um game excelente, que surpreende, cativa e apaixona. Altamente recomendado, é um jogo que não pode passar em branco. O único ponto negativo que talvez possa ser apontado é a falta de “dificuldade” Não é um game que apresenta um alto grau de desafio, mas também não é tão fácil assim, e o fato de não ter um “checkpoint”, e se morrer, será obrigado a dar reload e ter que refazer tudo desde o último save point(perdendo inclusive toda a experiência, itens e equipamentos conquistados), deixa um pouco menos fácil, além do ajuste de dificuldade que complica um pouco mais as coisas. Então eu recomendo jogar a partir do hard.

Dust: An Elysian Tail foi desenvolvido pela Humble Hearts e publicado pela Microsoft Studios, o game foi lançado em agosto de 2012 na Xbox Live Arcade. Hoje ele está disponível para Xbox 360, PC, Mac e Playstation 4.

Nota: Dustnota (5,0 / 5,0)

Resenha: Carcará – Asas da justiça

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Quando se escuta falar em games brasileiros, a maioria das pessoas torce o nariz, duvidam da qualidade dos jogos, talvez por já ter se decepcionado antes, ou pela falta de tradição do país nessa área. Confesso que eu mesmo fico com um pé atrás quando a produção é nacional, mas mesmo assim faço questão de jogar e tirar minhas próprias conclusões a respeito da obra. Quando comecei a jogar Carcará – Asas da Justiça, eu não tinha expectativa alguma em relação ao game, e graças a isso, me surpreendi de forma bastante positiva.

Nada mais do que a lei

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Carcará – Asas da Justiça é um game indie nacional, produzido pela Supernova Indie Games inspirado em Phoenix Wright. O jogo é um adventure/visual novel onde você precisa coletar evidências, realizar investigações e resolver mistérios além de batalhar de forma bastante divertida no tribunal.

O jogo começa com o protagonista narrando uma tragédia na sua infância que mudou a sua vida para sempre: a morte da sua avó. E esse fato, tendo as circunstancias explicadas em detalhes ao longo do jogo, é o que faz com que Fábio Carcará se torne um advogado especializado em direitos do consumidor, que tem como ideal defender pessoas que foram enganadas e tiveram seus direitos infringidos.

A história do jogo é realmente muito boa. Os casos se iniciam sempre de forma simples, mas no desenrolar dos julgamentos, as reviravoltas começam a acontecer, revelando intenções, tramas e motivos obscuros de réus e até mesmo de algumas testemunhas. Isso lembra muito aquelas séries policiais e de investigação com plot twists bem bacanas.

Caros colegas

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Os personagens do game são bastante carismáticos, divertidos e com características únicas, como o advogado Francisco Pavão por exemplo, que tem um visual parecido com o do cantor Falcão. Ou Nina, a estagiária que começa o game menosprezando o protagonista, mas que depois se torna sua parceira, ajudante e porque não dizer amiga, durante a aventura. A história dos personagens: parceiros, clientes, amigos e rivais, seus backgrounds são legais e bem construídos, e isso é um quesito muito importante para o sucesso de qualquer game.

No jogo você vai precisar realizar investigações, coletar algumas evidências e questionar as testemunhas sobre seus depoimentos. Tentando assim expor mentiras através do raciocínio lógico utilizando as evidências que você tem. Apesar do game ser baseado em Phoenix Wright, ele tem mecânicas exclusivas e muita personalidade, e não se limita a ser um simples game que tem como temática “direitos do consumidor”. Muito pelo contrário, o jogo vai muito além disso, desde as ilustrações, diálogos enredo e etc, tudo é muito bom e muito bem feito.

Carcará – Asas da justiça cumpre muito bem o seu objetivo de entreter e divertir, mas ele vai além disso, cumprindo também um outro objetivo que poucos jogos tem, o de ensinar. Sim, ensinar, porque o jogo é também uma aula de direitos do consumidor (mesmo que de forma simplificada), e você vai aprender coisas bem interessantes e uteis que você não sabia sobre os seus direitos.

Levantem-se para o veredicto

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Eu tive uma ótima experiencia jogando esse game. Foi sem dúvidas uma grata surpresa.  Não é um jogo longo, mas também não é curto e conta com algumas boas horas de jogo. De ponto negativo só consigo apontar um, o fato de não ter uma opção para salvar o game a qualquer momento, tendo que esperar até o jogo chegar ao checkpoint, ou sair e ter que jogar tudo novamente até o ponto em que você parou. Mas isso não afeta em nada a experiência e a diversão do game.

O jogo esta disponível para PC, Mobile e é grátis.

Nota: CarcaNota (4,5 / 5,0)

Artigo: Console versus PC

PCfight

Essa discussão sobre qual a melhor plataforma para se jogar provavelmente nunca terá fim. Ambas as plataformas têm seus prós e contras, e gamer que é gamer conhece os argumentos de trás para a frente. O que realmente importa na hora de escolher a melhor plataforma? Os jogos? O desempenho e qualidade dos gráficos? O conforto de jogar espalhado no sofá com os amigos? O preço dos jogos? A plataforma com mais multifunções? A minha intenção nesse artigo não é enumerar prós e contras (apesar de citar e comentar alguns), e nem aconselhar ninguém sobre qual plataforma comprar. Quero apenas refletir um pouco sobre a situação dessa rivalidade, por assim dizer, dentro do universo do entretenimento eletrônico.

Eu tenho, você não tem!

Eutenho

Não é incomum um PC Gamer ouvir piadinhas do tipo: “Aí, Red Dead Redemption está em promoção na Steam… Ah não, pera…“. Assim como aqueles que jogam em consoles ouvirem: “Obrigado por testarem o beta do GTA V pra gente“. Apesar da zoeira nunca ter fim, essa guerra entre fanboys, entusiastas e fãs ecléticos que não discriminam por marca, nem taxa de FPS, levanta alguns pontos bem relevantes na hora de escolher uma plataforma.

Um dos principais argumentos de quem joga em console é que os “console exclusives” são melhores que os exclusivos para PC. Por sua vez, os PC Gamers rebatem esse argumento dizendo que a quantidade de exclusivos para PC é maior que a de consoles. É fato que a quantidade de exclusivos para PC é maior, mas talvez no quesito exclusivos AAA, os consoles levem vantagem por causa de franquias como Legend Of Zelda, Uncharted, Gears of War, Mario, The Last Of Us, Halo, entre outras.

A expectativa por esses games sempre é enorme, e para poder jogar algum deles, você vai precisar ter um console. É claro que gosto é uma coisa subjetiva e você pode não se interessar por nenhuma dessas franquias e preferir as franquias exclusivas para PC, mas não dá para ignorar a importância dos exclusivos AAA dos consoles, tanto no âmbito comercial quanto no âmbito do entretenimento e arte. Então se você joga em um PC apenas, fatalmente você vai deixar algumas dessas pérolas passar em branco.

Downgraaaaaaaaaaaaaade

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E o que falar sobre a velha discussão sobre gráficos? Os gráficos dos jogos para PC são melhores mesmo? Sim, são melhores. Isso é fato e contra fatos não existem argumentos. PCs sempre terão vantagem no quesito hardware e consequentemente os PCs sempre terão gráficos melhores. Mas o que dizer da influência dos consoles sobre os gráficos dos jogos (multiplataformas) lançados para PCs, que deveriam ser bem superiores, mas acabam não sendo tanto assim?

Não, eu não sou louco, e eu não estou me referindo a resolução nem taxa de FPS, eu falo por exemplo (e principalmente) dos downgrades que os jogos de PC infelizmente sofrem “por causa” dos consoles. Se olharmos os videos dos jogos quando são anunciados em eventos tais como a E3, e depois olharmos os mesmos jogos quando lançados, o downgrade, muitas vezes absurdo, fica evidente. Watch Dogs talvez seja um dos melhores exemplos disso e mais atualmente o próprio The Witcher 3, em que a versão final ficou com gráficos aquém do que foi mostrado em demos e vídeos de gameplay na época do seu desenvolvimento.

As softhouses sofrem pressão para que os jogos fiquem parecidos em todas as plataformas? Ou simplesmente priorizam os jogos para consoles que é onde o lucro delas é maior? Existem aqueles que não se importam com gráficos, geralmente jogadores das antigas, que começaram nos consoles da geração 8 bits. Mas existem aqueles que gastam quantias exorbitantes para rodar os games no máximo da sua capacidade, em resoluções em 4k por exemplo e com altas taxas de FPS. Existe espaço para todos.

E o que acontece com as desenvolvedoras e o descaso em relação a alguns games? Se você joga no PC e adquiriu Batman Arkham Knight, você provavelmente teve algum problema com o desempenho do jogo, glitches, bugs e etc. Os desenvolvedores deveriam ter um respeito maior pelo consumidor e lançar um produto final de qualidade. Mas porque isso acontece? Por que Red Dead Redemption por exemplo não foi lançado para PC? Porque GTA 5 levou 2 anos para ser lançado para PC? Porque alguns jogos são lançados para PC mal otimizados?

A resposta mais óbvia para essa pergunta é que os consoles geram um lucro maior para as desenvolvedoras do que os PCs. Mas gera mesmo? Entenda que eu me refiro ao lucro desses jogos específicos, AAA multiplataformas, e não da receita gerada pelas vendas de todos os jogos existentes para PC de uma forma geral. Só o GTA 5 por exemplo, que foi lançado inicialmente apenas para dois dos principais consoles da geração passada, quebrou sete recordes na época, entre eles: “Propriedade de entretenimento a alcançar mais rápido a marca de US$ 1 bilhão“, “Videogame a alcançar mais rápido US$ 1 bilhão“, “Maior receita gerada por um produto de entretenimento em 24 horas (US$ 815 milhões)“. Isso sem falar nos games exclusivos, mas isso é apenas uma afirmação baseada em observação, então considerem apenas como uma opinião pessoal, posso estar totalmente errado. A pirataria também é um dos principais fatores que atrapalham as vendas de jogos para PC no mundo todo, e com certeza as desenvolvedoras levam isso em consideração.

Eu gosto mesmo é da rapaziada

Vovogamer

Passar o dia ou a noite inteira jogando aquele game de futebol ou de luta com amigos (ou família), comendo pizza e tomando coca cola (zero), no mesmo ambiente, espalhados no sofá, enquanto o choro de quem perde e a zoação do “rei da mesa” é sem limites, ainda é quase que uma exclusividade de quem joga nos consoles. É claro que hoje o multiplayer online domina, e o multiplayer local é uma opção quase extinta, mas ainda é tão divertido quanto era há anos atrás.

Umas das vantagens de se jogar online nos consoles é que raramente ou poucas vezes você encontrara algum cheater, e quando tem, as desenvolvedoras banem mesmo. Já no PC, infelizmente a frequência desse tipo de gente é maior, inclusive recentemente jogadores profissionais foram punidos e até banidos por usarem cheats ou se aproveitar de glitches em partidas oficiais de campeonatos. Mas independentemente de qualquer coisa, jogar online seja no PC ou no console, com ou sem os amigos, é extremamente divertido, e geralmente é também frustrante porque sempre tem alguém melhor que você quando se joga online!

O preço dos jogos também é um dos fatores mais relevantes na escolha de uma plataforma, principalmente aqui no Brasil onde os preços para consoles são absurdos (malditos impostos?). Lá fora, nos principais mercados de games, os preços dos jogos se equiparam, não existe uma discrepância tão absurda assim que justifique a opção por uma plataforma ou outra, mas a nossa realidade infelizmente é outra. Mas eu sou um otimista e sei que um dia ainda vou ver os jogos para consoles com preços justos aqui no Brasil.

Independente de joystick ou mouse/teclado, televisão ou monitor, 4k/+60fps ou HD/30fps, Red Dead Redemption ou Campo Minado, o que vale é a diversão (conclusão do GCG Podcast #004). A experiência é o que conta, e contra isso ninguém pode argumentar. Não existe “melhor” plataforma para jogar, existe a plataforma na qual você se diverte mais. Então divirtam-se jogando no PC, no console, no portátil, mobile ou onde for.