Artigo: Uma análise crítica do momento da PSN Plus

psnanalise logo

A Playstation Plus, ou PSN Plus para os íntimos, para quem não sabe, é um serviço pago oferecido pela SONY para seus usuários. Ao se tornar assinante, o gamer passa a receber benefícios que vão desde descontos na compra de games, passando por cloud saving, chegando até a jogos que são distribuídos de forma gratuita e podem ser jogados infinitamente enquanto durar a assinatura.

Entretanto, nos últimos meses, a SONY vem sido amplamente criticada pela suposta má qualidade dos jogos que estão sendo distribuídos gratuitamente.

Por qual motivo misterioso a SONY antes dava de graça jogos de maior investimento, mais conhecidos como “Triple A” (como Bioshock Infinite, Dishonored, Batman:Arkham City, Tomb Raider, Dead Space 3, etc) e hoje só distribuí, em sua maioria, jogos indies ou de menor apelo?

Bem, para entender isso devemos voltar um pouco no tempo para entender como tudo começou.

psnanalise1“A reclamação dos usuários poder ser vista em todos os lados, até aqui no Gamer como a Gente!”

O Início da PSN Plus

O serviço da PSN Plus começou em Junho de 2010, exclusivo para PS3. O serviço vinha para competir diretamente com a Xbox Live, da Microsoft. A diferença principal era uma só: a Live era uma necessidade quase obrigatória para os gamers adeptos ao console da Microsoft. No Xbox 360 você precisava pagar a assinatura da Live para jogar online, enquanto no PS3 as partidas de multiplayer sempre foram gratuitas. Ora, porque então você iria dar seu suado dinheiro para a SONY se ela não te dava nada em troca? Qual era o benefício?

O que me fez tornar assinante logo no início foi o cloud saving, pois meu PS3 sofria com um HD pequeno. Entretanto, a SONY tinha planos maiores para a PSN Plus: a “Instant Game Collection”, o serviço que dá “jogos de graça” para os usuários.

Entretanto, para quem não se lembra, os primeiros jogos lançados na PSN Plus não eram “Triple A”, muito pelo contrário. Nos dois primeiros anos de PSN Plus, entre 2010 e 2012, os usuários jogaram em sua grande maioria games indies de menor custo (Wipeout HD, Dead Nation, Plants vs Zombies, Shank, Trine, etc) e games velhos de 16 bits, mais especificamente jogos lançados para o finado Mega Drive mais de 15 anos antes (Sonic, Streets of Rage, Altered Beast, Comix Zone, etc).

Nesta época, a base de usuários da PSN Plus não era grande, e a SONY precisava mudar sua estratégia para virar o jogo, pois estava atrás da Microsoft.

psnanalise2“Foto do gameplay de Hamsterball, um dos grandes ‘petardos’ da Sony no início da PSN Plus”

O Full House da SONY

A SONY começou a mostrar suas cartas e a virar o jogo em Junho de 2012. Foi neste mês que foram lançados na “Instant Game Collection” os primeiros jogos reconhecidamente “Triple A”, Infamous 2 e Little Big Planet 2. Coincidentemente, ambos jogos haviam sido publicados e distribuídos antes pela (ahá!) própria SONY. Era uma estratégia que não só traria mais usuários como também mostraria às desenvolvedoras grandes o apelo da PSN Plus, e de como elas poderiam divulgar os seus jogos para uma base fixa (e pequena!) de usuários. O boca-a-boca dos gamers faria o resto.

A estratégia da SONY deu certo, e várias desenvolvedoras passaram a distribuir seus jogos na PSN Plus. Os assinantes do serviço puderam jogar “de graça”, entre Junho de 2012 e Dezembro de 2013, jogos como Borderlands 1 e 2, King of Fighters XIII, Resident Evil 5, Bioshock 2, Super Street Fighter IV, Demon’s Souls, Deus Ex Human Revolution, Battlefield 3, Hitman: Absolution, XCOM: Enemy Unknown, entre muitos outros.

Apesar de não termos os números corretos de quantos usuários assinavam a PSN Plus na época (até porque este é o tipo de informação que a SONY guarda a 4 chaves por ter sido a base de toda sua estratégia naquele momento), sabemos que a aderência dos assinantes foi aumentando consideravelmente, como pode ser visto nesta reportagem aqui de Novembro de 2013.

Um ano depois, a PSN Plus já havia se tornado um sucesso estrondoso em toda a indústria gamer. A estratégia fazia com que os competidores arrancassem os cabelos, e inclusive provocou o nascimento em Julho de 2013 da “Games with Gold” serviço semelhante da Microsoft que dá aos seus assinantes jogos de graça da mesma forma que a PSN Plus, exatamente um ano após a mudança de política da SONY (entretanto, deixemos a análise estratégica da concorrente para outro artigo em um futuro próximo).

psnanalise3“Anos Dourados da PSN Plus, impulsionando a SONY ao topo da nova geração das Console Wars”

A faca de dois gumes da SONY

Com o lançamento do PS4 no final de 2013 a estratégia da SONY mudou. Assim como a Live da Microsoft, a PSN Plus se tornava obrigatória para que os usuários do seu sistema pudessem jogar online. O efeito foi praticamente instantâneo, com mais um crescimento expressivo: em menos de um ano, em Outubro de 2014, os assinantes da PSN Plus passaram a somar 7,9 milhões de usuários, em uma base instalada de 13,5 milhões de Playstation 4 vendidos no mundo (como pode ser visto nesta reportagem aqui). A reportagem menciona também que no mínimo a metade de todos os usuários do PS4 teria acesso ao serviço da PSN Plus.

Nos últimos números divulgados pela SONY, em Janeiro de 2016, a base instalada do PS4 somava 36 milhões de usuários. Obviamente, um crescimento proporcional dos usuários da PSN Plus é o mínimo a ser esperado e acaba sendo uma conclusão lógica, apesar de não termos os números precisos por falta de divulgação da empresa.

Entenda agora a fria em que a SONY se meteu com as desenvolvedoras, meu amigo gamer:

Imagine que a SONY se aproxime da Naughty Dog, desenvolvedora de jogos, com uma oferta para a mesma divulgar seu novo lançamento, Uncharted 4, de graça da PSN Plus. Isso significaria que, no mínimo, metade de todas as pessoas que tem Playstation 4 poderiam jogar o jogo de graça e não dariam nem um centavo para a Naughty Dog. Qual seria o interesse da Naughty Dog nisso? O crescimento deixa de ser sustentável, ao contrário do que ocorria em 2012 e 2013 quando o número de usuários da PSN Plus era muito inferior ao número de donos de PS3.

Como a nova geração dos videogames ainda é relativamente jovem, as desenvolvedoras grandes só vão estar dispostas a dar seus jogos de graça quando a expectativa de venda destes jogos não for tão forte como agora. Ou talvez só o façam quando uma nova versão do mesmo jogo estiver no forno para sair (por exemplo, quando Borderlands 1 foi dado de graça na PSN Plus às vésperas do lançamento de Borderlands 2).

psnanalise4Uncharted 4 de graça da PSN Plus mês que vem, só no meu Photoshop

 A solução da SONY

Como podemos ver, a SONY ficou com um problema gigantesco em suas mãos. As grandes desenvolvedoras de jogos se refreiam em botar seus jogos de graça para não perder dinheiro, e a base de usuários da PSN Plus, agora enorme, clama por receber seus games gratuitos.

Encurralada e sem soluções, a SONY acha uma saída simples: ela vai atrás de desenvolvedoras Indies, empresas menores que estão em busca de espaço no mercado e uma base cativa de fãs, e que estão produzindo essencialmente jogos multiplayers, que necessitam de uma larga massa de gamers para jogar. Basta analisar os jogos que estão sendo lançados nos últimos meses para ver que isto não é uma mentira: Dead Star, Rocket League, Helldivers, Nom Nom Galaxy, BroForce, Magicka 2, etc.

Enquanto tudo isso ocorre, a rival Microsoft tenta correr atrás do tempo perdido e recuperar parte do seu market share, dando de graça ótimos jogos na “Games With Gold” que em sua maioria já foram dados antes pela SONY (como Sherlock Holmes Crimes and Punishments e Borderlands em Março de 2016 e Deus Ex: Human Revolution em Janeiro deste mesmo ano). Como a SONY já deu esses mesmos jogos de graça anos antes, não faz sentido para a mesma dá-los novamente – só geraria mais fúria dos fãs, que hoje já não é pequena.

psnanalise5“Eu to esperando ‘Fallout 4’ de graça e recebo ‘Super Time Force Ultra’? Tá de sacanagem, Sony!”

O Futuro

Para os usuários insatisfeitos com a qualidade dos jogos, a solução é simples: parar de assinar o serviço da PSN Plus e parar de choradeira. Se você não gosta de alguma coisa, não a consuma e mostre sua insatisfação. Com a PSN Plus perdendo usuários, a SONY receberia a chacoalhada que precisa para tentar mudar alguma coisa. Se o gamer reclama por meses em sequência mas continua pagando a assinatura religiosamente é porque não está tão incomodado quanto parece estar.

Entretanto, a interrupção do serviço é muito difícil de acontecer, visto que grande parte dos usuários utiliza a PSN Plus para jogar online e quer continuar a fazê-lo. Então, amigo gamer, só resta engolir o choro.

psnanalise6“Vou contar tudo pra minha mãe, SONY!”

A SONY certamente está escutando todas as reclamações de mãos atadas, refém do próprio sucesso e da estratégia que criou de dar jogos de graça. Só resta a ela dar tempo ao tempo, até que as desenvolvedoras de jogos Triple A já não vejam mais potencial de venda nos seus games antigos e queiram distribuí-los de graça para pavimentar o seu futuro.

A pergunta é: se a situação persistir por muito mais tempo, poderia a Microsoft recuperar o prejuízo e alcançar a SONY? Isso só o futuro (e os gamers!) dirão.

De qualquer forma, dada a qualidade dos games indies que são lançados atualmente, na minha modesta opinião de assinante da PSN Plus (que passou 2 anos jogando de graça jogos velhos de 16 bits), acho que os gamers que criticam a SONY hoje estão reclamando de barriga cheia.

Resenha: The Division

 the division logo

Tiro, Porrada e Bomba – Em grupo!


 Dividindo os Fanboys

Mal havia sido anunciado em 2013, The Division já começou causando um rebuliço na indústria dos games. Afinal, no mesmo ano da divulgação do game da Ubisoft todos nós havíamos sorvido as delícias de um shooter em terceira pessoa em um magnífico mundo virtual infectado por um vírus sem cura – me refiro obviamente ao Last of Us, petardo criado pela Naughty Dog e dissecado pelo time do Gamer como a Gente no Podcast #12. As comparações eram inevitáveis.

Depois de quase 3 longos anos de espera, finalmente em 2016 o véu da ignorância foi retirado e conseguimos cair dentro desta nova aventura. Lançado para PS4, XOne e PC, The Division finalmente mostrou a cara. As comparações eram justas? Nem tanto. O jogo não é melhor nem pior, é apenas diferente: mecânicas parecidas, universos similares, objetivos completamente opostos.

O que não quer dizer que seja ruim, é claro.

the division 10“Afinal, rola até um churrasquinho no meio das ruas de Nova York”

 Uma Nova York devastada por um vírus sem cura

O enredo do jogo é simples e se passa em uma Nova York sitiada. A cidade se encontra devastada por um misterioso vírus e isolada do mundo, já não contando com serviços básicos ou acesso a água e comida. A última esperança da metrópole é a agência Division, uma unidade secreta de sleeper agents que são acionados quando o mundo mais precisa. Você, obviamente, é um deles.

Apesar de já batida e recontada em diversos tipos de mídia, a história é interessante. Entretanto, ao contrário do que se espera, ela não prende o jogador como deveria. Não espere uma narrativa elaborada e envolvente, pois o foco não esse. O jogo é dividido em uma série de missões em um mapa de mundo aberto e isso acaba por cortar a fluidez do jogo, tornando tudo mais mecânico.

Para tentar contrapor este ponto, os desenvolvedores colocaram uma série de itens colecionáveis espalhados pelo game – desde celulares até drones – que tentam melhorar a experiência imersiva do player dando mais consistência ao universo à sua volta. O esforço é louvável, porém em vão. As missões passam rapidamente à medida que o gamer avança, e poucas vezes você se questiona porque está matando todos aqueles incontáveis inimigos em sucessão.

the division 3“Ela apostou um olho que a história era boa. Deu no que deu.”

 Pôr do Sol Urbano

Uma coisa, entretanto, não se pode negar: a ambição do detalhamento gráfico demonstrado pelos desenvolvedores. A Nova York apresentada parece ter vida. Tudo que é apresentado no game, desde as mudanças climáticas até o interior dos prédios, é de um preciosismo ímpar. Provavelmente um dos jogos mais belos lançados nesta geração (até o momento, é claro).

Como se não fosse suficiente, a “Grande Maçã” é retratada com precisão quase milimétrica. É possível visitar lugares que existem de verdade, como Times Square e Madison Square Garden. Funciona praticamente como um city tour para quem não conhece a cidade. Por diversos momentos dei uma pausa no tiroteio simplesmente para observar o cenário e a interação do personagem como o mesmo. Ponto forte do game da Ubisoft.

the division 2“Realidade ou Videogame?”

 PVE e os Amigos

Para quem ainda não viu nada do jogo e está completamente cru, a informação primordial é que o game funciona como um MMO (Massive Multiplayer Online). Por mais que esse tipo de jogo não esteja completamente difundido nos para os jogadores de console, a modalidade já é bem conhecida dos players de PC.

O efeito prático, na verdade, é simples: você precisa ter internet para jogar, pois estará sempre online e interagindo com outros jogadores. Por mais que você consiga tranquilamente zerar o jogo sozinho, a grande diversão é jogar cooperativamente com mais 3 amigos em grupo, sejam desconhecidos ou gamebrothers de longa data.

As missões principais da história não demoram muito e logo após isso o game se torna uma busca eterna para se conseguir itens raros – desde armas até equipamentos – para melhorar os atributos e skills do seu personagem. Essa estrutura já pode ser vista em alguns jogos disponíveis atualmente para consoles, como Destiny, Borderlands e Diablo.

E por mais que a jogabilidade do game não mude praticamente nada, estando você no nível 5 ou no nível 30, é o tipo de jogo que vicia e que faz você refazer a mesma missão várias vezes na esperança de descobrir uma nova pistola ou um novo colete à prova de balas.

the division 4“Convenhamos, comandar em grupo é muito melhor que jogar sozinho”

 PVP e a Dark Zone

Ainda que a maior parte do jogo seja PVE (mais conhecido como “Player Versus Environement”, ou seja, você contra o computador), os gamers mais audaciosos vão querer entrar na Dark Zone. No jogo, a Dark Zone é a parte de Nova York que foi abandonada e cercada devido à contaminação excessiva do vírus. Lá não existe lei e a anarquia reina. E é por lá que rolam as partidas de PVP (Player Versus Player).

Além de encontrar outros gamers para enfrentá-los, vale salientar que também é possível  encontrar inimigos controlados pelo computador. A grande vantagem é que eles são muito mais poderosos que os inimigos normais e, após aniquilados, deixam itens mais raros/poderosos que os de costume.

Para melhorar ainda mais a dinâmica, todos os itens coletados na Dark Zone estão contaminados pelo vírus. Ou seja, o jogador não pode simplesmente equipar o novo equipamento adquirido após matar um inimigo – ele deve extrair o item de helicóptero. Este processo leva tempo, e outros jogadores menos amistosos podem ir atrás de você para tentar roubar seus ganhos antes que você consiga extraí-los para fora da Dark Zone em segurança.

the division 5“A tensão te aguarda na Dark Zone”

 O acerto de contas

Ainda que o jogo ainda tenha alguns bugs no servidor e tenhamos visto cenas lamentáveis na primeira semana de lançamento (tipo essa), penso que foi apenas falta de preparo da Ubisoft por não saber mensurar o sucesso que seria o próprio jogo que criou. Tenho confiança que esses pequenos gargalos serão superados com o tempo.

Aviso também que o gamer de console vai ter que se acostumar com alguns “poréns” que não são usuais para esse tipo de plataforma, apesar de comuns no computador. Por exemplo: quando o servidor está cheio, existe fila para entrar no jogo e você tem que esperar, mesmo que vá jogar sozinho.

No entanto, apesar dos pesares, The Division é um jogo que vale a pena jogar simplesmente pelo fator social. Mesmo não tendo um enredo que não chega nem perto do The Last of Us mencionado no início da resenha, jogar com os amigos e enfrentar os perigos de uma Nova York sitiada em grupo é realmente muito legal. A tensão instaurada quando se joga na Dark Zone é preciosa e diria que única em jogos de videogame. A Ubisoft acerta em cheio onde muitas outras desenvolvedoras falharam.

Nota:   the division nota ( 3,5 de 5 )

Resenha: No Heroes Allowed: No Puzzles Either

NHA1

O puzzle dos vilões! Ou seria o vilão dos puzzles?



Jogo Grátis

Como atualmente passo mais tempo viajando a trabalho e menos tempo jogando, meu Playstation Vita – por incrível que pareça – tem se tornado minha primeira opção de passatempo gamer. Infelizmente, como todos nós sabemos, a biblioteca do mesmo não é muito vasta.

Para piorar ainda mais a situação, a crise econômica brasileira avança mais rápido que o Sonic e atingiu em cheio minha carteira. A solução foi partir para jogos grátis. Para minha surpresa o PSVita possui uma quantidade bem grande de jogos 0-800, todos disponíveis para download na Playstation Store (e não precisa nem ser assinante da PSN Plus, basta entrar na opção de games “free to play” ao acessar a loja pelo console portátil da Sony).

Foi assim que, dentre outros jogos, descobri No Heroes Allowed: No Puzzles Either, que rapidamente entrou na minha lista de jogos mais amados e mais odiados de todos os tempos.

NHA2“Uma mistura de RPG e Puzzle que vem bem a calhar”

 Justificando o Amor

Não nos enganemos, o jogo não é um Triple A. Pelo contrário, está mais para um jogo de celular do que pra um blockbuster. A dinâmica é bem conhecida, estilo Candy Crush: una três peças iguais e as faça desaparecer do tabuleiro. Simples? Nem um pouco. Os desenvolvedores da SCE Studios Japan incluíram no jogo uma série de elementos de RPG que tornam o game muito mais viciante e único.

Ao contrário da grande maioria dos games por aí, NHA:NPE te coloca na pele de um vilão, o Deus da Destruição. Durante o jogo sua dungeon será invadida por uma série de Heróis dispostos a fazer justiça e transformar o mundo em um lugar melhor, e caberá a você aniquilá-los utilizando seu exército do Mal, invocando-os através da junção das três peças iguais do tabuleiro. Uniu três Cíclopes? Um cíclope aparece. Uniu três esqueletos? Um esqueleto aparece. E assim por diante.

As partidas são rápidas e intensas, pois você deve derrotar o herói antes que ele chege ao final da dungeon. A cada fase do game você deverá derrotar três heróis, e a dificuldade vai crescendo à medida que passa. Para melhorar ainda mais a dinâmica, cada herói derrotado pode ser aprisionado e colocado para trabalhar como escravo em sua mina. É lá que você irá arranjar itens para evoluir seu exército, criando monstros mais poderosos para combater seus inimigos. Nada como transformar um dragão bebê em uma hidra poderosíssima.

À medida que as fases vão passando você acaba descobrindo que existem heróis raros que, quando unidos aos seus monstros, dão vida a seres ainda mais poderosos. O conteúdo do jogo é gigantesco, principalmente se você for um gamer que gosta de coletar tudo que é possível. Completar a enciclopédia de heróis e de monstros dentro do jogo parece ser o décimo terceiro trabalho de Hércules.

NHA3“O milagre da Evolução: Una uma flor a um guerreiro e ganhe uma geleca”

 Justificando o Ódio

Ao baixar o jogo você percebe que para entrar em cada fase você gasta uma picareta. Logo de início os desenvolvedores te dão 8 picaretas para vocês gastar; após isso você deve esperar 6 longas horas (!!!) até o jogo te dar uma nova picareta para você jogar uma única fase. Após jogada esta fase, mais 6 horas esperando! Só conheço uma palavra que define isso: picaretagem! Gamer como a gente não quer esperar, quer jogar!

Ok, existem uma série de jogos de graça no PsVita que seguem a mesma linha, como Fat Princess: Pice of Cake – ótimo game diga-se de passagem. A grande diferença entre este último e o NHA:NPE é que o tempo de espera é 20 minutos e não 6 horas.

No final das contas acabei me rendendo e pagando 7 dólares para ter picaretas infinitas. Vale a pena? Vale. Mas admito que fiquei com aquele gosto ruim na garganta, me sentindo enganado: o que me atraiu no jogo foi a promessa de um jogo simples e de graça, pois precisava economizar. Entretanto, no final, e acabei gastando o que eu não gostaria. Que decepção!

NHA4“A solução dos seus problemas”

A lei da balança

Aos amantes de puzzle e de RPG, o jogo é um tiro certo – realmente muito divertido. Possui uma profundidade que Bejeweled e Candy Crush nunca sonhariam em ter. A sensação de progresso é tangível e o jogo é um prato cheio para aqueles gamers que se assemelham a treinadores de Pokemon e precisam capturar tudo que veem pela frente.

Entretanto, por conta do impedimento das 6 horas, o jogo “grátis” à disposição na PSN poderia ser melhor considerado um DEMO de luxo. Portanto, se for cair dentro, fique atento para não ter o grau de decepção que eu tive. Afinal, para desfrutar do jogo em sua plenitude e no momento em que bem entender, se prepare para gastar seus preciosos Reais. Apesar de ser um jogo bem legal, a proposta dos desenvolvedores não está clara na descrição do produto na PSN Plus – o jogo diz apenas que microtransações estão disponíveis, como em praticamente todo jogo hoje em dia – mas não é esse o caso.

Nota:  NHAnota  ( 2,5 de 5 )

De graça? Até jogo bom! Edição Fevereiro 2016

Antes tarde do que nunca! Seguem abaixo os jogos “0-800” do mês de fevereiro de 2016 para os consoles da Microsoft e da Sony.

 GwG

A Microsoft continua correndo atrás do tempo perdido e se esforça para angariar mais gamers para sua legião. A grande sacada continua sendo o fato de que os jogos disponibilizados para o Xbox360 também podem ser jogados pelos usuários do XboxOne. Valeu, Microsoft!

gwgfeb2016

Hand Of Fate é um jogo bem incomum, misturando Ação, RPG e a construção de um deck de cartas que será utilizado para transpor as diversas masmorras do game. Ao entrar em um combate, todas as cartas do jogador se transmutam em personagens 3D para travar as batalhas. O jogo é só praqueles que tem o Xbox One.

Também para o XOne, Stix: Master of Shadows deve repetir o pífio desempenho de quando foi lançado grátis na PSN Plus longínquos 8 meses atrás, em Julho de 2015. Muito criticado na sua mecânica de combate na época de seu lançamento, o gameplay é basicamente stealth, onde o jogador assume a pele de um goblin que deseja roubar o coração de uma árvore enquanto se esgueira pelas sombras.

De prêmio extra para o Xbox360, papai Bill Gates traz Sacred Citadel e Gears of War 2, sendo este último um dos melhores jogos já lançados para o console. Bola dentro da Microsoft, vale a pena o download! – Principalmente se você não tem a série Uncharted à disposição.

 PSPlus

A Sony mais uma vez não traz nenhum Triple A, mas isso não quer dizer que os jogos são ruins – pelo contrário! Vamos a eles:

Helldivers: Democracy Strikes Back é um ótimo jogo que coloca o player em um tiroteio frenético em um futurista cenário isométrico. Um prato cheio para quem está disposto à uma aventura cooperativa com até outros 3 amigos gamers. O pacote é completo e pode ser jogado no PS4, PS3 e PS Vita.

psplusfeb

Já em Nom Nom Galaxy, prepare-se para ser um gamer polivalente. O jogo mistura plataforma, construção de bases, gerenciamento de recursos escassos e gira em torno de … preparação de sopas! Sim, caberá a você se tornar um Claude Troigros intergaláctico, criando vários tipos de sopas e elevando a qualidade da sua cozinha industrial a níveis astronômicos! Esta MARRAVILHA dá as graças no PS4!

De rebarba, a mãe Sony ainda presenteia seus fiéis discípulos com o nostálgico, estratégico e sempre suicida Lemmings Touch, bem como Nova 111, que mistura um puzzle futurista com uma aventura em turnos – ambos para PSVita!

Os gamers que ainda estão gastando seus PS3’s não ficam atrás e recebem Grid Autosport e Persona 4 Arena Ultimax.

A Sony também aproveitou o ensejo para anunciar com começa no dia 9 de Fevereiro a votação para o game grátis do mês que vem. O mais votado estará no pacote de jogos grátis de Março de 2016 da PSN Plus, enquanto os outros dois terão descontos significativos em seu valor. Estão no paredão Broforce, Assault Android Cactus e Action Hank!

psnvotemarch2016

Bom, é isso aí! Nos vemos mês que vem!

Resenha: Grim Fandango Remastered

grim fandango logo

Uma grande aventura na Terra dos Mortos


Uma jornada ao passado

Nascido nos anos 80, tive o prazer de experimentar uma série de games de aventura point&click nos anos 90. Fui parte de uma gangue de motoqueiros em Full Throttle, viajei para o espaço em The Dig, cacei tesouros em Monkey Island e muito mais. A quantidade de jogos que saíam neste estilo na dita década era impressionante – e a qualidade da grande maioria não deixava a desejar.

Criado por Tim Schafer e deselvolvido pela Lucasarts em 1998, Grim Fandango foi um hit no seu ano de lançamento. Infelizmente, como à época a minha pré-histórica placa de vídeo não era capaz de reproduzir os gráficos fantásticos desta sensacional obra de arte, minha vontade de mergulhar a fundo no jogo foi reduzida a ocasionais jogatinas na casa dos amiguinhos com mais poderio financeiro.

Entretanto, eis que em 2015 o universo conspirou para que o jogo fosse relançado remasterizado para as PC, PS4 e PSVita. Como um gamer que espera sempre alcança, caí dentro desta aventura com pitadas fortes de nostalgia.

grim fandango 1“Fantasia de Halloween? Negativo”

 Um emprego nada comum

Em Grim Fandango você controla Manny Calavera, um agente de viagens. A diferença de Manny para um agente de viagens normal é muito simples: Manny já morreu. Vestindo um capuz preto e carregando uma foice, Manny é responsável por providenciar o melhor pacote de viagens possível para que as almas penadas atravessem a Terra dos Mortos.

Com profundas raízes na arte asteca e com frequentes referencias visuais ao México e ao feriado do Dia de Los Muertos, Grim Fandango se desenrola facilmente aos olhos dos gamers que procuram uma boa história. O que parece simples aos poucos se torna complexo quando você tem que ajudar Manny a desvendar uma intrincada teia de corrupção do mundo dos mortos e salvar a bela – e também já morta – Mercedes Colomar.

O humor cru de Tim Schafer é rapidamente reconhecido no roteiro do game. Todos os personagens são muito bem elaborados e com frequência você irá perceber que está com um sorriso no rosto enquanto seleciona as diversas opções de diálogo. Mas não se engane: Grim Fandango é um jogo difícil. Os puzzles não são triviais assim como muitos jogos contemporâneos a ele.

grim fandango 3“Manny batendo um papo com Glottis, provavelmente o melhor personagem do jogo”

Sabe aquele sorriso estampado no seu rosto? Rapidinho ele vai embora.

Devo admitir que minha a expectativa ao jogar a versão remasterizada de Grim Fandango estava lá no alto. Talvez por isso tenha me decepcionado tanto.

Ao contrário do trabalho fantástico de remasterização realizado pela Bluepoint na trilogia de Uncharted, a remasterização da Double Fine me pareceu quase nula. A única mudança relevante é a inclusão de um mais moderno esquema no controle do personagem, em substituição ao clássico “controle tanque-de-guerra” (este ainda disponível nas opções de jogo para os saudosistas de plantão).

De resto, nada. Os gráficos estão rigorosamente iguais ao da versão original de 1998, apenas um retoque aqui ou outro acolá. Pior ainda: por vezes eu apertava o botão [SELECT] do PSVita para jogar na versão original, pois a remasterização estava muito escura. Ou seja, se você compra a versão remasterizada mas opta por jogar a original, é porque algo está errado…

Ainda sobre a parte gráfica, a tela do jogo ainda é na antiga razão 4:3, obrigando o player a abandonar o moderno widescreen para jogar confinado num pequeno quadrado. Você tem a opção de ajustar a imagem, mas ele apenas “estica” a tela original, deixando os personagens deformados. Lamentável.

Para piorar ainda mais, o cross-save entre o PSVita e o PS4 não funciona bem e gera mais dor de cabeça do que a praticidade divulgada. No caso do PSVita a situação ficou ainda mais complicada: o progresso do jogo não salva no sistema, mas sim de forma automática na nuvem da PSN, o que me impedia de acessá-lo caso eu não estivesse conectado em uma rede Wi-Fi.

Outro ponto fraco é a ausência de um “auto-save” – problema esse que fica ainda pior devido aos incontáveis bugs e crashes da versão remasterizada. Diversas vezes o jogo desligou sozinho, perdendo todo meu progresso e me obrigando a recomeçar do último save – que, obviamente, tinha ocorrido no mínimo uma hora antes.

grim fandango 2“Versão Original x Versão Remasterizada: Tão igual que parece jogo dos 7 erros”

Vivo ou Morto?

A conclusão é bastante simples. Se eu estivesse resenhando o jogo original em 1998, Grim Fandango provavelmente levaria uma nota máxima – ou talvez muito próxima desta. A história é espetacular e os personagens são memoráveis. Bom humor não envelhece. Além disso, o estilo de jogo quase esquecido é um prato cheio para gamers saudosistas como eu, mesmo com o ritmo sendo mais lento do que estamos acostumados nos games de hoje em dia.

Entretanto, fui buscar na nova versão de Grim Fandango um “algo mais” que não consegui encontrar. Muito pelo contrário, a remasterização é tão fraca e cheia de bugs que conseguiram transformar o bom de 1998 no ruim de 2015. O que era prazeroso antes no passado deixa hoje um gosto amargo na garganta.

Por vezes enquanto jogava no PSVita fiquei pensando que a Double Fine era tão saudosista quanto eu – porém eles foram mais além: ao invés de remasterizar somente o jogo, remasterizaram também o TILT dos jogos dos anos 90.

Caso você queira acompanhar as fantásticas aventuras de Manny Calavera, fica a dica: melhor voltar ao jogo original e fugir desta nova versão. Caso contrário, fique preparado para dar um level up na sua paciência.

Nota: grimfandangonota (2,0/5,0)