“Uma imagem vale mais do que mil palavras.”
Finja-se de morto
A Playdead tem uma fascinação pela morte, o nome da empresa não é à toa. Fundada em 2006 em Copenhague na Dinamarca por duas pessoas, ela foi responsável pelo silencioso Limbo em 2010 (falamos dele aqui) e agora por Inside. O curioso é que ambos os jogos tiveram longos ciclos de desenvolvimento e praticamente nenhum alarde antes do lançamento. Basicamente o contrário da nossa indústria que vive do hype eterno. Boa parte das pessoas descobriram os jogos tão logo eles foram lançados. Caso do Inside que foi mostrado na E3 desse ano e informado que o jogo sairia na semana que se seguiria. Mas esta estratégia faz muito sentido e vamos descobrir o porquê.
Dentro
Assim como o seu antecessor, você controla um menino bastante indefeso e frágil. Dentro de uma interface minimalista sem texto, formada apenas de contexto. As únicas palavras que você encontrará serão as do menu inicial. Nunca o velho ditado foi tão correto. Você não precisa de nada escrito para que os quebra-cabeças sejam entendidos.
O jogo começa com o menino sendo perseguido por agentes mascarados, veículos pesados e cachorros violentos dentro de uma floresta densa. Sendo bem sucedido, ele chega a uma parte rural, praticamente desprovida de vida humana. A partir daí, qualquer coisa que eu disser se torna um potencial spoiler. O motivo é que a narrativa é contada a partir do seu progresso e de suas ações. Tudo é muito natural e orgânico. Observar a transformação dos cenários e tentar entender o mundo faz parte da experiência de Inside.
Um ponto interessante é que esse mundo é bem menos monocromático que o de Limbo, as cores são utilizadas de forma bem suave para dar destaque a certos detalhes. A progressão é feito de forma lateral, tal qual um plano sequência cinematográfico. A passagem dos locais é feito de uma forma bem suave e bem interessante que faz sentido na narrativa.
O que dizer da jogabilidade, senão que é perfeita. Nenhum movimento é mal feito ou desperdiçado. Tudo é friamente calculado para funcionar. O longo ciclo de desenvolvimento realmente se faz notar aqui. Os puzzles são extremamente inteligentes e totalmente contextuais. As dicas estão todas no cenário que você se encontra. Acrescente tudo isto ao fato de que os efeitos sonoros são absurdamente bem feitos e criam o clima necessário para dar contexto a sua aventura. Chega a ser assustador tamanha fidelidade, além o volume certo para cada tipo de som que vem até o seu ouvido. Jogar de fones é quase que obrigatório. Tal qual como Limbo, Inside é um jogo de mortes. O que o menino sofre com os seus erros faz você ficar horrorizado. E tentar ser cada vez melhor para evitar que isso aconteça.
O jogo possui alguns segredinhos escondidos, e estes são essenciais para você ver o final alternativo, portanto, vá a procura deles. Contudo, eu diria que é bem interessante terminar o jogo normalmente da primeira vez para você tenha uma linha de raciocínio na sua cabeça. E depois faça o final alternativo e repense tudo o que você concluiu anteriormente.
Fora
Inside é uma pérola. Um petardo gamer. Faz você questionar conceitos através do mundo que ele constrói. O jogo prova que o gênero de plataforma nunca esteve morto de fato, mas que se renovou dessa forma. Os puzzles são extremamente inteligentes, o cuidado e esmero na construção do jogo são muito acima da média. Sim, a experiência pode ser curta pelos padrões atuais, mas ela vai ficar dentro da sua cabeça por um tempo. Vão lá jogar agora!
Nota: (5,0 / 5,0)
Pingback: GCG Podcast #049: Inside | Gamer Como A Gente