Eu tinha meus cinco ou seis anos quando me identifiquei pelo esporte e tive a minha primeira paixão por um time. Muitos falariam que esta frase se aplica a um time de futebol, mas o meu primeiro time do coração era vermelho e branco e tinha o patrocínio da Marlboro. Era a McLaren nos áureos anos 80.
Em uma época onde os brasileiros poderiam se dar ao luxo de escolher para quem torcer, Senna ou Piquet? Em uma época onde você poderia se dar ao luxo de ver combates homéricos entre Senna x Prost, Piquet x Mansell, foi quando nasceu o meu amor pela F1.
Desde então, toda vez que troco de vídeo game por um de uma nova geração, eu fico sempre muito ansioso pela nova versão turbinada e melhorada do jogo licenciado da Fórmula 1, como podemos ver no nosso sensacional podcast sobre jogos de corrida. (Não ouviu ainda? Não seja retardatário e clique aqui!).
Mas porque tenho pela primeira vez a sensação de que o jogo deu dois passos para trás?
Que bela pintura na carenagem do seu carro!
“Gostaria que o jogo reproduzisse isso…“
Graficamente não há o que se dizer de negativo sobre o F1 2015, o jogo está lindo e os efeitos de luz e sombra são impressionantes, sobretudo em pistas onde há a variação de diurno para noturno, como a pista de Abu Dhabi por exemplo.
Mas os elementos visuais do jogo ainda me parecem longe do que se espera de um jogo da nova geração.
Em caso de colisão, ainda não vemos o poder gráfico reproduzir de forma fiel o nível de destruição do carro, tudo que se vê é o genérico bico quebrado do carro e em casos muito extremos, um pneu saindo do lugar. Isso é realmente muito chato, além de que mesmo nos níveis difíceis o carro parece um tanque de guerra de tão forte para suportar pancadas. Para abandonar uma corrida com carro quebrado, só mesmo se você dormir ao volante estiver barbarizando no meio de uma reta longa.
No geral, os gráficos do jogo são muito satisfatórios, mas faltou aquele impacto que nos diz “Oi nova geração. Cheguei!”.
Suspensão ativa nas curvas!
Desde a versão 2005, lançada exclusivamente para PS2, eu não conseguia jogar um jogo de F1 com prazer de guiar sem ser com um volante. O analógico, tanto do Playstation como do Xbox, já na versão Codemasters do game, sempre foram imprecisos em relação a carga de força e sensibilidade nas curvas. Sendo impossível para um gamer hardcore de F1 se divertir ao máximo sem utilizar um volante. Mas dessa vez foi diferente.
Em termos de jogabilidade, devo confessar que nenhum jogo de F1 pós 32 bits me satisfez tanto quanto F1 2015. Nem mesmo na jogatina online me vi obrigado a colocar o volante para equilibrar a partida com outros players tamanha a precisão do analógico em ambas as versões do game (PS4 e Xbox One). Não só é possível sentir o carro nas saídas e entradas de curva com precisão como é extremamente simples sentir variações de aderência dos pneus em diferentes pontos da pista ainda que as condições climáticas não se alterem. Refiro-me a andar pela parte emborrachada da pista e pela parte suja.
No box, as alterações que podem ser feitas no carro não são tão profundas como em Project Cars por exemplo, mas é suficientemente complexo para animar os jogadores hardcore como eu. Mas se você é um player casual, não se intimide, nas dificuldades mais baixas é plenamente possível jogar utilizando apenas as configurações pré definidas pelos engenheiros de equipe, somente variando de acordo com as características da pista. Porém, um ponto negativo é que em dificuldades abaixo de “profissional” você só tem necessidade mesmo de mexer nas configurações em Mônaco (pista que exige maior pressão aerodinâmica da temporada) e Monza (pista que exige a menor pressão aerodinâmica da temporada).
Falando sobre as mecânicas do jogo, a Codemasters fez mais uma vez um trabalho primoroso, como é de costume. Com toda certeza o ponto forte do jogo.
Tá faltando algo muito importante aqui…
“Queria fazer isso no modo carreira…“
Agora o grande ponto fraco: os modos de jogo.
Basicamente o jogo tem apenas quatro modos de jogo. Temporada de campeonato, corrida rápida, tomada de tempo e modo online.
Pode-se alegar que ainda existe o Pro mode, mas eu não o considero um novo modo de jogo. Nos jogos anteriores você poderia customizar a sua corrida no modo pro, então resolveram desmembrar essa opção para criar um modo artificial de jogo.
Em relação a edições anteriores, foi completamente excluída da versão do jogo a corrida com os carros clássicos dos anos 80 e 90. Adição que faz com que até hoje eu prefira a versão 2013 do jogo. Esperava sinceramente uma evolução desse modo.
Porém, essa não é a pior coisa do jogo…
A pior coisa que a Codemasters poderia fazer era eliminar o modo carreira do jogo. Para mim, a maior diversão sempre foi construir um piloto do zero e desenhar a sua carreira, mudando de equipe, criando rivalidades e quebrando recordes. Esperava para essa versão uma grande evolução desse modo como incrementos de história, maior customização de comemorações e provocações, além de finalmente poder criar o meu próprio capacete para poder exibir a minha pintura única no modo online!
E eles simplesmente cortam da versão final do jogo o modo carreira, alegando falta de tempo hábil para termina-lo.
Apesar de todas as reclamações da comunidade, nem mesmo posteriormente o conteúdo foi disponibilizado via download. Isso realmente tirou 50% da diversão do game na minha opinião.
Apêndices aerodinâmicos
“Versão 2014 está no game, com os carros e pilotos respectivos da temporada.“
Algumas adições ao jogo que deveriam ser mais interessantes como as animações do pole position, de vitória e de pódio foram bem desanimadoras pela falta de criatividade. Já que o jogo não teria modo carreira eles deveriam ter focado ao menos na personalidade de cada piloto.
Não espere pelo dedo indicador de Vettel indicando que ele é o número um, os pulinhos de Hamilton comemorando vitórias ou mesmo pelo rosto gélido de Kimi Haikkonen. Eles tem sempre a mesma animação repetitiva.
Triste ver que não houve melhorias nesse sentido, lembro-me de como fiquei feliz quando vi na edição 2011 as entrevistas de piloto antes das corridas e após as bandeiradas. Não houve evolução, pelo contrário, houve um retrocesso.
Retiraram do jogo o safety car, que deu uma incrível melhora nas variações táticas da corrida, além de ser um ótimo efeito visual e de imersão. Alguns adversários ignoram completamente as bandeiras azuis além de, às vezes, o desgaste de pneus parecer injusto.
Muitas vezes meus pneus acabaram em nove voltas enquanto meus adversários, correndo no mesmo ritmo, ficavam na pista mais cinco ou seis voltas.
De forma geral, aconselho aos gamers aguardar a versão 2016 do jogo, houve uma melhoria nas mecânicas do jogo, mas no resto me pareceu que esse jogo foi apenas uma transição de uma geração para outra. Nem mesmo a adição da versão 2014 é um bônus memorável nessa edição. Recomendo apenas para os aficionados como eu, que não vivem sem um jogo de F1.
Nota: (4,0 / 5,0)
Infelizmente não joguei o suficiente do jogo, e nem tenho expertise para entrar tão profundamente nos meandros. Contudo, devo dizer que nos modos mais fáceis o jogo é perfeitamente tranquilo para os noobs e dá para se divertir. E realmente, os controles são muito responsivos e bem suaves.
Assim como eu jogava o Hot Pursuit 2 do PS2, acelerando na manete direita, aqui também o faço e é sensacional.
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Uma coisa que esqueci de citar é que senti falta de um ranking mundial dos melhores tempos no modo tomada de tempo. Acho que seria uma excelente sobrevida para o jogo e um incentivo para jogar o modo de tomada de tempo, que geralmente utilizamos apenas para nos habituar às mecânicas do jogo.
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Verdade, em jogos de corrida é geralmente um clássico essas leaderboards mundiais. Falha também da Codemasters.
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